quinta-feira, 22 de outubro de 2009

OLHO E NÃO VEJO NADA

Querido blog!

Sei que estou em dívida. Acesso tua página e reparo que te deixei à deriva.
A meu favor, posso dizer que tudo bem, você é apenas mais uma bobagem do seu criador.
Por outro lado, uma vez que você passou a existir além da fronteira dos meus desejos, me sinto mal em vê-lo tão abandonado.
Agora me passou pela cabeça a ideia de ter filhos. O que fazer quando a gente enjoar? Levar pra vó?
Talvez eu me aventure com um animal de estimação, pra aprender a honrar minhas responsabilidades. Aí terei certeza que estou apto a escrever um blog e alimentá-lo comme il faut!!

terça-feira, 25 de agosto de 2009

SEXTA NO JARDIM



O Museu Histórico de Santa Catarina, sediado no Palácio Cruz e Sousa, em Floripa, conta com um projeto chamado Sexta no Jardim.


Todas as sextas-feiras no jardim do palácio acontece uma apresentação musical de algum artista catarinense ou de passagem pela santa e bela Catarina.

Pois hoje eu tenho o orgulho de lhes informar que o convidado de amanhã [28] é o grupo de arte Alina Lamparina, levando artistas da nossa cidade pra se apresentar na capital. Um luxo!

No repertório, clássicos que constaram nas trilhas dos musicais do grupo além de arranjos inéditos.

CUSTO-BENEFÍCIO



Se você é um sujeito que paga todos os seus impostos religiosamente, deve ficar muito p*to assistindo a TV Senado. Eu nem vou falar dos escândalos do caso Sarney ou do bas-fond entre o Suplicy e o Heráclito Fortes – a mídia nacional já trata do caso com riqueza de detalhes.


Quero me reportar ao verdadeiro ofício de um senador que me parece estar esquecido naquela Casa. Essa semana, assisti a dois pronunciamentos que me deixaram com a sensação de estar rasgando dinheiro.


Um deles foi da parte do senador Jefferson Praia, gastando seus minutos a fazer um discurso sobre um fulano do Amazonas falecido esta semana. Definitivamente, não acho que uma instituição com função legislativa deva gastar tempo e o nosso dinheiro com homenagens, sobretudo póstumas.


O outro foi do paranaense Álvaro Dias, que subiu à tribuna empunhando um retrato do presidente Lula vestido com um colar de folhas de coca ao lado de Evo Morales. Sugeria que o presidente estava simpatizando com a cocaína e aproveitava pra colocar na coca a culpa de todas as nossas mazelas.


Quando começou a falar demais por não ter nada a dizer e o relógio apitou, ainda reclamou que o contador do Senado é generoso com uns e impiedoso com outros.

Alguém fez a conta: um senador, com todo o seu aparato, custa por ano o que custam cinco deputados - R$ 33,8 milhões. Seja sincero: vale?

DOCUMENTO VIRTUAL

A nossa carteira de identidade precisa cumprir certos requisitos pra ser validada. Por exemplo, você precisa usar o seu nome tal e qual ele consta na sua certidão de nascimento.

A foto também precisa obedecer algumas exigências: um fundo branco, o quadro do rosto e o nariz apontando para a câmera.

Sites de relacionamento como o Orkut e o Facebook, ferramentas corriqueiras da vida moderna, apesar de não terem regras estabelecidas neste sentido, poderiam instituir um código de boas maneiras.

Eu digo isso porque já arrumei brigas virtuais que não teriam espaço se os usuários desses sites fossem um pouco mais sensatos.

Por exemplo: alguém que assina **@n@** e coloca uma foto de um cachorrinho no seu avatar não tem o direito de ficar chateado se eu não aceitá-lo na minha lista de amigos, ainda que seja alguém que eu encontre todos os dias. Não tive como identificá-lo.

Pra completar vou relembrar que, assim como a carteira de identidade, o perfil no Orkut foi projetado pra ser individual. Tem espaço pra apenas UMA data de aniversário. Por conseqüência, UM titular. E o avatar de UMA pessoa.

O BAD BOY E A RECORD



Dado Dolabella foi o grande campeão d’A Fazenda, o reality show da Record que fez tremer a audiência soberana da Globo.


Num passado não tão distante, Dado se tornou uma espécie de inimigo público diante das suas brigas homéricas com a ex-namorada Luana Piovani incluindo até uns sopapos numa camareira de teatro.


Seria leviano dizer que existe manipulação dos números em um resultado como este, apesar da estranha preferência maciça a favor do ator.


Por outro lado, temos que concordar no seguinte: Dado é o campeão ideal para um reality show que disputa a preferência do espectador numa emissora dirigida pela Igreja Universal. Ele faz a linha bad boy que agora vai se converter e mostrar ao Brasil que tudo na vida pode melhorar... não preciso [e não quero] complementar.

domingo, 26 de julho de 2009

CORAÇÃO VAGABUNDO


No último fim de semana, algumas salas de cinema do país exibiram a estreia do documentário Coração Vagabundo, sobre a vida de Caetano Veloso.

No corpo do filme, o baiano diz que a velhice traz a conclusão de que o pior já passou. E explica numa entrevista que “não é bem uma conclusão. É a constatação de que não se pode pôr tudo na conta da velhice. Alguns podem viver o pior de suas vidas aos 17, ou aos 35, ou aos 42, e atravessar a velhice com alegria e paz”.

E emenda: “No filme, não falava de mim. Sou um cara que tem saudades da juventude – não do tempo em que fui jovem, mas da juventude em si, do equilíbrio e da elasticidade do corpo, da força dos cabelos, o jato de urina forte, as ereções firmes, a alegria física da juventude”.

PRA CHEGAR DO OUTRO LADO


Falta de notícia é sempre desesperador. O Ego, página da internet especializada em fofocas de celebridades, na ausência de uma tragédia publicou duas fotos sequenciais da Emanuelle Araújo com a seguinte legenda: “compenetrada, a atriz Emanuelle Araújo atravessa uma rua no Leblon, na Zona Sul do Rio, nesta quinta-feira, 23. Por que tão séria?”

Rosana Hermann, do blog Querido Leitor, não perdoou. Copiou a notícia e comentou a notícia incrível. “Pena que eu não conheça Emanuelle Araújo. Mas a ignorante sou eu, admito. Adorei saber, mesmo assim, que ela estava no Leblon. Quem diria, Leblon. Nunca imaginei que as pessoas fossem lá. Ou que, uma vez lá, atravessassem a rua dessa forma, concentrada. Bom, mas pelo menos ela não atravessou diluída. E fiquei feliz em me certificar que o Leblon fica no Rio. Pelo som “on” eu pensei que fosse em Paris.


Tudo bem que ela não seja uma celebridade de primeira grandeza, mas a Rosana não deve ter assistido A Favorita, onde ela fazia a Manu, parceira do Dódi. E no twitter, veio a pergunta clássica: Por que Emanuelle Araújo atravessou a rua?

MARIA JOANA


O assunto já é antigo, mas tem ganhado força na mídia nas últimas semanas. A maconha está em alta. Não me refiro ao seu uso, mas ao tema em si.

Tenho a impressão que todo esse rebuliço tenha tomado maiores proporções depois da participação do ministro do meio ambiente Carlos Minc numa das marchas da maconha em Ipanema.

Na quinta-feira passada, a erva foi a linha condutora de um episódio d’A Grande Família – horário nobre na Globo. Os roteiristas se aproveitaram dos personagens pra dar suas opiniões sobre o tema e, claro, constatar que nesse assunto toda “grande família” tem pelo menos um especialista.

Na mesma noite, a TV Câmara passava uma entrevista com um dos organizadores da Marcha de quem não me recordo o nome.

O que eu sinto em relação ao tema é que as pessoas que se manifestam contrárias ao uso da maconha são, na sua maioria, despreparadas pra opinar já que nunca tiveram contato com a fumaça.

Aí você vai me dizer que ninguém precisa por o dedo na tomada pra saber que dá choque. Concordo. Mas a sensação do choque só pode ter que se atreveu.

Só pra encerrar, já que o assunto renderia muitos parágrafos e não quero fazer discurso, mas acho bastante estranho uma pessoa ser presa porque tem um exemplar de cannabis no seu jardim enquanto outras promovem orgias com dinheiro público e gozam de imunidade.

BEBER, JOGAR, F@#ER


Na ocasião do lançamento do livro Comer, Rezar, Amar – best-seller da norte-americana Liz Gilbert – eu li e senti que se tornaria um clássico do universo feminino.

Pois nessa semana, lambendo a vitrine da livraria, notei que havia uma versão de cuecas para o livro. Quer dizer, uma ficção inspirada na ideia do original, onde um publicitário é chifrado pela esposa e resolve dedicar um ano se sua vida bebendo em Dublin, jogando em Las Vegas e curtindo os prazeres de carne em Bangkok. Você entendeu que não estou falando de picanha, certo?

Ah, sim! O título. Passa pela nossa cabeça que a máquina criptografou o último verbo, certo? Errado. O f@#er faz parte dos nossos eufemismos que não combinam em nada com o país do carnaval, do mesmo jeito que filmes que trazem um sonoro fuck you são legendados aqui como “vai se ferrar”.

Um parágrafo do livro que merece ser sublinhado: numa união, existem pessoas Macs e pessoas PCs. Ou seja, há um esforço danado para os computadores operarem no mesmo sistema e falarem a mesma língua. Mas, no fundo, eles são diferentes.

O ENIGMA DO PRÍNCIPE


Não li nenhum dos livros do Harry Potter, mas acompanhei a saga do aprendiz de feiticeiro pelas telas dos cinemas desde o princípio. No fim de semana que passou, rolou o lançamento do sexto filme e, segundo consta, o antepenúltimo já que o sétimo e último livro [Relíquias da Morte] será dividido em dois filmes.

O título original – Harry Potter and the Half-Blood Prince – foi traduzido como Harry Potter e o Enigma do Príncipe. No texto fala-se em príncipe mestiço, que ainda não é a palavra mais apropriada. A tradução mais literal cairia no bastardo, o que também foge do propósito. Na série, os mestiços são filhos de bruxos com trouxas. E trouxa é quem não é bruxo.

O filme já arranca com uma cena sensacional: um passeio por Londres que só faltou a poltrona do cinema chacoalhar pra gente se sentir na Disney. E muitas outras cenas fantásticas, por vezes me remetendo ao Senhor dos Anéis e outras ao Fabuloso Destino de Amélie Poulain.

CADILLAC RECORDS


Eu não sei dizer ao certo o que aconteceu. Ou o cartaz passou batido por mim nos cinemas ou o lançamento de Cadillac Records foi direto em DVD aqui no Brasil. O fato é que já está nas locadoras e é um item obrigatório para os amantes do rock’n’roll.

O filme se passa na Chicago dos 40’s e 50’s, mas não sem antes passar pelo Mississipi, afinal, reza a lenda [e o filme endossa] que foi ali o nascimento do blues, pai do rock.

A história se confunde com a história da Chess Records e de seu fundador, Leonard Chess – interpretado pelo vencedor do Oscar Adrien Brody], que teve em seu catálogo lendas como Muddy Waters, Little Walter, Etta James e Chuck Berry.

Não posso deixar de me render à atuação surpreendente da Beyoncé, que me comoveu no papel de Etta James. Quando ela canta At Last, arrepia tudo. Ela é ainda a produtora executiva do projeto.

domingo, 19 de julho de 2009

ESTUDO

Quando seu filho estiver dando problema no colégio, naquela fase negra de jogar tudo pro alto e não querer saber dos estudos, vou anexar aqui uma ferramenta que pode ser importante no processo de convencê-lo do contrário! Um retrato que diz mais que mil discursos.





Sempre chega um momento na vida em que

ter muito dinheiro faz toda a diferença!

BILLIE HOLIDAY


No último fim de semana, o mundo contabilizou 50 anos sem Billie Holiday, para alguns a maior cantora de jazz da história da música.

Se alguém aqui já se queixou da vida, deixa eu contar um pouquinho do que foi a vida pra Billie. Pra começar, ela foi a consequência de uma aventura maluca entre dois adolescentes. Quando nasceu, seu pai tinha dezoito anos e sua mãe dezesseis. A propósito, o pai era guitarrista e abandonou a família quando Billie ainda era bebê, seguindo viagem com uma banda de jazz.

Menina americana negra e pobre, Billie passou por todos os sofrimentos possíveis. Aos dez anos sofreu violência sexual por um vizinho e foi internada numa casa de correção para meninas vítimas de abuso. Aos doze, trabalhava lavando o chão de prostíbulos. Aos catorze, morando com sua mãe em NY, prostituiu-se pela primeira vez.


Sua vida como cantora começou em 1930. Ameaçada de despejo por falta de pagamento, Billie saiu desesperada atrás de algum dinheiro. Entrou num bar do Harlem, ofereceu-se como dançarina e mostrou-se um desastre.

Penalizado, o pianista perguntou se sabia cantar. Billie cantou e saiu com um emprego fixo. Nunca teve educação formal de música. Aprendeu ouvindo Bessie Smith e Louis Armstrong.

Nos anos quarenta, auge do sucesso, a estrela pulou de cabeça no álcool e nas drogas, passando por momentos de depressão, refletidos em sua voz. Pouco antes de morrer de overdose, publicou sua autobiografia – Lady Sings the Blues – a partir da qual nasceu um filme póstumo com Diana Ross no papel de Billie.

CHANNING TATUM


Channing Tatum era um rapaz bonito que trabalhava na Dillard’s – uma tradicional rede de lojas de departamentos americana – e recebia dez dólares por hora pra ficar borrifando perfume. Uma profissão tão chata quanto a de entregar panfletos.

Para a felicidade dele e para a inveja verde e viscosa dos seus inimigos, essa história faz parte de um lugar cada vez mais distante chamado passado. No mês de agosto, ele ilustra a capa da GQ Magazine num ensaio assinado pelo bambambã Mário Testino.

Antes disso, já dividiu um editorial de moda na Vogue com a gaúcha Carol Trentini e ficou conhecido do público pelo filme Ela Dança, Eu Danço onde faz par com a atriz Jenna Dewan, com quem acabou de se casar.

Pra quem ainda não ligou o nome à pessoa, ele esteve recentemente nas telas do cinema estrelando o filme Ela É o Cara. Por ora, pode-se dizer que o moço está no topo da cadeia alimentar.

DIA DO AMIGO


Amanhã, vinte de julho, é dia de chamar os seus protegidos e comemorar o Dia do Amigo. Aproveito a data pra dizer aos meus o quanto eu os aprecio e faço aqui a homenagem com um bis do meu texto favorito sobre o assunto. Abram aspas:

Pra que serve um amigo? Pra rachar a gasolina, emprestar a prancha, recomendar um disco, dar carona para festa, passar cola, caminhar no shopping, segurar a barra. Todas as alternativas estão corretas, porém isso não basta para guardar um amigo do lado esquerdo do peito.

Um amigo não racha apenas a gasolina. Racha lembranças, crises, choros, experiências. Racha a culpa, racha segredos. Um amigo não empresta apenas a prancha. Empresta o verbo, empresta o ombro, empresta o tempo, empresta o calor e a jaqueta.

Um amigo não recomenda apenas um disco. Recomenda cautela, um emprego, recomenda um país. Um amigo não dá apenas carona para uma festa. Te leva para o mundo dele e topa conhecer o teu.

Um amigo, não passa apenas cola. Passa contigo um aperto, passa contigo uma emoção, passa junto o réveillon. Um amigo não caminha apenas no shopping. Anda em silêncio na dor, entra contigo em campo, sai do fracasso ao teu lado.

Um amigo não segura a barra apenas. Segura a mão, a ausência, segura a confissão, segura o tranco, o palavrão, segura a porta do elevador. Quem tiver um amigo assim, que diga amém. E fechem as aspas.

PORTO EUROPA


Depois de todo o bas fond envolvendo a empresária Eliana Tranchesi, proprietária da Daslu – a catedral do luxo no Brasil – agora é a vez de Tânia Bulhões estar na mira da Polícia Federal.

Tânia, casada com o empresário Pedro Grendene, é também suspeita de um esquema de importações ilegais. A PF esteve na loja que carrega seu nome nos Jardins, em Sampa, apreendeu documentos e escaneou notas fiscais.

A loja é especializada em móveis de luxo e artigos de decoração e faz parte da via crucis da elite paulistana.

A operação batizada de Porto Europa começou na terça-feira numa cooperação entre a Receita Federal, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal. O objetivo é apreender provas do esquema fraudulento de importação de artigos de luxo.

Vagarosa


* Maria do Céu Whitaker Poças nasceu com duas veias saltadas para a arte. Filha do Edgar Poças, um maestro e compositor brasileiro, responsável pelos arranjos musicais do Balão Mágico e da artista plástica Carolina Whitaker, entrou em contato com a música bem jovem.

* Adotou Céu como o nome artístico e se jogou no mundo da música. Lançou um primeiro disco onde é co-autora de 12 das suas 15 faixas, lançado no Brasil em 2005, e fez sucesso além das nossas fronteiras – até mais lá do que aqui.

* Nem lembro como fui descobrir aquele álbum, mas lembro bem que já tinha ouvido muitas vezes quando vi a figura da cantora pela primeira vez, se apresentando na abertura dos Jogos Panamericanos no Rio de Janeiro.

* Então descobri que ela foi a artista brasileira que alcançou a mais alta posição nas paradas dos EUA desde Astrud Gilberto com Garota de Ipanema em 1963.

* A boa nova é que ela acaba de aterrissar nas prateleiras com seu segundo álbum, o Vagarosa. Como é uma artista pouco divulgada, fica aqui a dica. Vale cada acorde.

LATINOS


Eu gosto de dormir com um barulho de fundo. Digo, dormir não é o verbo certo porque na hora do descanso o ideal é mesmo o silêncio absoluto. Mas enquanto a gente está naquele limbo entre a vigília e o sono, é bom um barulhinho. De preferência em língua estrangeira.

Foi assim que descobri os prazeres da CNN em espanhol, língua que soa como um acalanto perfeito porque ainda que seja entre todas as latinas a prima mais próxima do nosso português, é a que tenho menos interesse e, portanto, a que me soa mais estranha.

Entretanto, não posso ocultar minha pescaria de palavras quando todo o corpo quer descansar e apenas o ouvido continua funcionando. E foi nesse clima de desprendimento que comecei a notar o quanto o espanhol é a língua mais fechada aos estrangeirismos que já pude notar.

Aí alguém vai contestar que o francês também detesta o inglês, onde eu direi que é verdade, mas o problema deles é político, bélico ou rixa de vizinho, mas é um problema pessoal. Só não queira me convencer que uma língua não roubou da outra porque é mentira. Tenho uma lista de exemplos.

No contrafluxo, o espanhol se mantém fiel ao próprio acento. Vamos ilustrar com a letra W. Em português, dáblio – uma derivação de double U, muitíssimo parecido se partirmos da pronúncia original. Em espanhol vira doblevê, bem mais coerente com a língua em que se diz. E nessa era cibernética onde a gente fica repetindo dáblio dáblio dáblio eles dizem triple doblevê.

Outro exemplo clássico é o OK. Aqui a gente mantem o sotaque original da expressão. Okei. Nossos hermanos são bairristas. Transformam em oká.

Antes de criar inimigos, quero deixar claro: isso não é um ataque ao português nem um elogio ao espanhol. É uma observação. Não serve pra absolutamente nada além de chamar atenção para o fato. Outro dia conversamos sobre o jeito como os espanhóis pronununciam o nome de celebridades estrangeiras. É o endosso do assunto.

domingo, 12 de julho de 2009

LOUBOUTIN


Um pouco de graça entre a turma da vida inteligente na madrugada que esteve ligada no último Altas Horas, programa do Serginho Groissman nas noites de sábado.

As convidadas Cláudia Leite e Cléo Pires passaram por um leve constrangimento quando se sentaram lado a lado e notaram que estavam usando sapatos idênticos. Mesma cor, mesmo verniz, mesmo salto vertiginoso e não duvido que seja do couro da mesma vaca.

Riram da situação e deram aquela cruzada de perna estratégica pra revelar um solado vermelho que as Carries Bradshaws de hoje reconhecem a kilômetros de distância.

Tratava-se de um par do designer Christian Louboutin, sonho de consumo de várias cinderellas modernas que se atrevem a pagar R$ 2.500 por um par de sapatos. É esse o valor dos pisantes, segundo uma amiga bem iniciada no assunto.

Agora falando sério: gastar uma fortuna num sapato pra sentar ao lado de outro par idêntico? Se fosse Melissa é porque tinha virado um caminhão na praça.

SENADO


Zapeando entre um canal e outro, meus dedos me fazem parar na TV Senado quando o gaúcho Pedro Simon se pronunciava a respeito dos escândalos que assombram aquela casa.

O senador já está no seu quarto mandato, o que lhe rende mais de trinta anos na cúpula do legislativo e certamente é um dos principais personagens da história viva do Senado Federal.

Num discurso eloqüente, criticou a medida provisória como uma seqüela do parlamentarismo e num tom de mea culpa trouxe à superfície o conjunto da obra que tranformou aquela casa em motivo de chacota nacional.

Depois troquei a tevê pela internet onde li um artigo do Ruy Castro que combinava com que eu tinha acabado de ver.

Começava com uma história da Segunda Guerra. Um japonês, Tsutomu Yamaguchi, estava em Hiroshima a negócios no dia 6 de agosto de 1945 quando um avião americano despejou a bomba atômica sobre a cidade.

Morreram 140 mil pessoas. Tsutomu sofreu graves queimaduras, mas sobreviveu e conseguiu voltar no mesmo dia para sua cidade, Nagasaki.

Três dias depois, outro avião americano jogou a bomba sobre Nagasaki, matando mais 70 mil. E, pela segunda vez, Tsutomu, mais morto do que vivo, escapou. Sobreviveu não apenas ao impacto das duas bombas, mas passou a vida incólume aos efeitos da radiação que provocou cânceres fatais em milhares de seus compatriotas.

Em março último, aos 93 anos, foi oficialmente reconhecido pelo governo japonês como o único duplo hibakusha – sobrevivente da radiação atômica – do país.

Nem todos têm a incrível resistência de Tsutomu. O único outro sobrevivente profissional que poderia despertar inveja no japonês é o senador José Sarney.

MARACANÃ

Se quem é rei nunca perde a majestade, Roberto Carlos está se aproveitando da coroa e do cetro pra celebrar em alto estilo seus 50 anos de carreira.

Depois de ser cantado [entenda aí o verbo como quiser] pelas vozes femininas mais desejadas do país no Municipal de São Paulo, Roberto lotou o Maracanã neste sábado para um show antológico.

E como o rei sabe muito bem cativar o seu eleitorado, ele foi além do seu jargão “que prazer rever vocês”. Emendou com “essa é a maior emoção que eu já senti. Quando eu estava lá em Cachoeiro de Itapemerim jamais poderia imaginar uma coisa assim. Cantar no Maracanã olhando nos olhos de vocês. Tudo isso parece um sonho. Mas se for um sonho, não quero acordar”.

Roberto não detém o trono por tantos anos à toa. Ele sabe chegar no coração do povo brasileiro, seja cantando o amor ou as coisas simples da vida, seja cantando a mãe, a Lady Laura, ou o pai – meu querido, meu velho, meu amigo – seja cantando Jesus ou tomando café da manhã com a amada amante.

Não há como não se render. Todo mundo tem uma canção do Roberto na trilha sonora das suas vidas. E apenas pra constar: havia três gerações de fãs do Roberto acompanhando ao vivo pela Globo o show no Maracanã. Só posso aplaudir!!

PORTOFRANCO

Rodrigo e Susy na festa de inauguração da Portofranco

Nathália, Katia, Juliane e Mari

Taninha e Thuani

Ivânia, Denia, Ione, Marga e Silvana

Cris, Rodrigo, Lucrécia, Priscila e Doriana

Família: Gio, Juli e Má na inauguração da Portofranco

Minhas protegidas Suzana, Leila e Sueli
Família Ogliari reunida celebrando o sucesso do novo empreendimento

Tukinho e Rodrigo confraternizando


domingo, 5 de julho de 2009

SUSPENSÓRIOS


Thuani Duarte, uma das minhas acessoras pra assuntos aleatórios, recorta da Folha e e envia uma nota bastante oportuna do Ferreira Gullar sobre os nossos índices manipulados. Abre aspas:


Para o governo, praticamente não há inflação. Mas segundo a Maria, minha secretária, o leite longa vida subiu de R$ 1,70 para R$ 2,80 ou R$ 3. O leite em pó de R$ 4,50 para R$ 5,40 ou R$ 6,20. O açúcar de R$ 0,80 para R$ 2,50. O tomate R$ 1,50 para R$ 2,80 ou R$ 3.

Isso me lembra uma época distante, quando os índices de inflação divulgados pelo governo eram sempre mais baixos que a inflação real. É que para calculá-los, incluía o preço dos suspensórios e de outros artigos que já quase ninguém comprava.

Quais serão os suspensórios de hoje não sei, mas que entram nos cálculos da inflação não tenho dúvida. Fecha aspas.

EXCESSOS


A morte de Michael Jackson trouxe à superfície um assunto que costuma desagradar uma das instituições mais poderosas do planeta: a indústria dos remédios.

Os rumores que correm é de a causa mortis do ídolo tenha sido uma dose excessiva de Demerol. Me corrijam se eu estiver equivocado, mas o Demerol é um analgésico poderoso como a morfina, daqueles que te levam ao céu em uma picada.

Não faz muito mais de um ano, o ator australiano Heath Ledger foi encontrado morto, vítima de uma overdose de remédios pra dormir.

Nossa cultura já aceitou: a gente toma remédio pra dormir, depois toma remédio pra acordar. Se levantar de mal humor, toma remédio pra ficar feliz. E se bater qualquer ansiedade, uma outra pílula mágica faz seu coração voltar ao pulso normal.

Ao mesmo tempo em que é louvável a gente poder contar com um comprimido que elimina a nossa dor, é triste ver o quanto estamos condicionados a resolver nossos problemas na farmácia.

Ninguém mais tira um tempo pra olhar pra dentro. Ninguém quer saber se a dor na cabeça é cansaço, se é fome, se é calor ou se é fruto de algum excesso. Basta umas gotas de qualquer coisa e o incômodo se esvai.

No dia seguinte, repete-se o rito com a mesma facilidade com que se faz o sinal da cruz diante de um símbolo sagrado e assim acostumamos o nosso corpo a sobreviver nessa loucura que são os nossos dias, acompanhando o nosso ritmo.

Somos complacentes com com uma sociedade que não sabe dosar o uso de drogas e insiste em tratar o assunto da forma mais velada possível. Proibimos a maconha mas aceitamos o abuso de substâncias fatais. E assim nossos heróis vão morrendo de overdose.

PORTOFRANCO


Terça-feira [07] Susy Ogliari [foto] recebe convidados especiais pra inaugurar a Portofranco, no Archer Boulevard, numa noite de alegria e borbulhas de Chandon. Nesta estreia [sem acento pra estar em dia com as novas regras da gramática] participo comandando a trilha sonora da noite acompanhado de uma banda que conta com Gica Pereira no violão, André Alberton no contrabaixo, Rafael Vieira na bateria e muito samba e bossa nova no repertório.

A propósito do nome, achei a história incrível e decidi compartilhar: Porto Franco era um lugarejo nas cercanias de Botuverá nos tempos da colonização onde os imigrantes ancoravam suas balsas e canoas, na foz do Ribeirão Porto Franco, afluente do Itajaí-Mirim. Ali aproveitavam pra descansar e se lavar, o que dá um gancho ótimo pra uma loja de roupa de cama e banho.


FURO MTV



Depois de A Fazenda, o programa de tevê que mais me diverte no momento é o Furo MTV – apresentado por minha querida [e agora ilustre] amiga Dani Calabresa e seu parceiro de bancada Bento Ribeiro.


A sintonia entre os dois é de botar inveja até no casal Bonner & Bernardes, as piadas são sarcásticas, os assuntos são pertinentes e a dinâmica é no ponto.


Quem quiser conferir, passa de segunda a sexta as 10:15 da noite. Quem não tem acesso ao canal, pode ver na internet, no site da MTV Brasil, em qualquer horário porque fica armazenado.


Nessa foto, Calabresa, Juliana e Rodrigo num feliz encontro em Rio das Pedras vários anos atrás

O ENIGMA DO PRÍNCIPE


Os fãs da série Harry Potter estão na expectativa pro lançamento do sexto filme da série – Harry Potter e o Enigma do Príncipe.

A estreia mundial está prevista para a semana que vem, numa produção de U$ 200 milhões, o maior orçamento da série até então.

Daniel Radcliffe, o ator que deu vida ao protagonista em todos os filmes e que completa vinte anos no fim deste mês, é um daqueles casos típicos que, faça o que quiser, será eternamente lembrado por este papel.

Assim como Jennifer Aniston será sempre a Rachel de Friends, Harrison Ford o Indiana Jones, Macaulay Culkin o Kevin de Esqueram de Mim e a Betty Faria nunca será outra coisa que não Tieta.

QUATRO CENTAVOS


Durante alguns anos, mantive uma conta-corrente no Banco do Brasil. Descontente com o tratamento, resolvi passar a régua e migrar para um banco privado – já que, na época, pus a culpa da minha indignação no funcionarismo público.

Aconteceu que, por um lapso temporal entre o encerramento da conta e o vencimento da fatura do cartão de crédito, eu recebi durante meses uma outra fatura no falor de uns três reais que deixei rolar pra ver no que ia dar.

Todo fim de mês chegava aquele envelope timbrado do BB com uma conta que eu insistia em não pagar, nem sei bem o porquê. Provavelmente porque achava tão irrisório que não podia dar em nada.

Depois de muitos meses aquele valor tinha crescido um pouco e, diante das taxas estratosféricas praticadas pelos cartões de crédito, minha fatura era agora de cinco reais.

Eu já estava de saco cheio daquela correspondência mensal e decidi quitar a dívida. O custo de tantas postagens já estava bem além do que iriam receber e, no dia do vencimento, fui ao banco e zerei a conta.

Pois não é que o fim do mês me trouxe uma surpresa?! Uma dívida no valor de quatro centavos – sim!, você leu certo – que pretendo colocar numa moldura e pendurar numa parede bem estratégica da minha vida.

Custo a acreditar que alguém gaste papel, tinta e selo pra cobrar quatro centavos do que quer que seja. Mas quando um banco do Estado vai à bancarrota, a salvação pode facilmente vir dos cofres públicos, abastecidos por mim e por vocês.

LEI ANTIFUMO


São Paulo está passando por um momento controverso nesses dias de contagem regressiva para o advento da Lei Antifumo, que entra em vigor no início de agosto.

A lei proíbe o uso de cigarros, cigarrilhas, charutos e afins em todos os ambientes de uso coletivo, total ou parcialmente fechados, incluindo aí bares, boates, restaurantes, shoppings e até táxis. Basicamente, só se poderá fumar em casa ou ao ar livre. Justo!

No entanto, os proprietários de estabelecimentos estão preocupados com a reação do público. Alegam que a lei é fascista e que se Fulano tem um bar e decide colocar na porta um “permitido fumar” em letras garrafais, é um direito seu. Quem não gostar que passe longe.

O buraco é mais embaixo. Se todo dono de bar ceder pra agradar ao público fumante, a legislação fica obsoleta. E os não-fumantes continuam respirando a fumaça, desgraça que a gente tem que tossir.

Bem que poderia ser uma lei federal. Isso nos pouparia um bocado de constrangimentos porque verdade seja dita: nos entendam os fumantes inveterados, mas a nuvem do cigarro é espaçosa demais.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

JEAN CHARLES


Jean Charles de Menezes era um brasileiro por excelência: malandro, cheio de lábia, bem-relacionado e profundo conhecedor do famoso “jeitinho”. Pra quem não liga o nome à pessoa, foi aquele emigrante confundido com um homem-bomba e morto no metrô de Londres com vários tiros à queima-roupa, pela Scotland Yard.

Sexta-feira passada estreou em circuito nacional um filme sobre sua vida. Quer dizer, não exatamente sobre a sua vida porque não há detalhes da infância caipira ou da primeira comunhão, mas do período em que se aventurou num país estrangeiro em busca de trabalho, repetindo a história de milhares de pessoas que partem todos os dias atrás do mesmo sonho.

O fim da história todo mundo conhece. Foi manchete dos jornais do mundo inteiro. O legal é conhecer o miolo, comovente, na pele do ator Selton Mello que reviveu o personagem de forma brilhante. Destaco também a atuação da Vanessa Giácomo no papel da prima que embarca na mesma aventura e o ator Luís Miranda, um gênio do humor, no papel de Alex.

Na reta final do filme, Daniel de Oliveira entra numa participação quase inexistente, bem menor que a de Sidney Magal, interpretando a si próprio, num dos bons episódios da vida de Jean Charles. Não dá pra perder!

domingo, 28 de junho de 2009

EXEMPLO


A brasileira Giulia Olsson tem catorze anos e faz intercâmbio nos Estados Unidos. Lá ela estuda música e, ao perceber que no Brasil as crianças não têm esse acesso no colégio, criou uma organização que batizou de Notes for Hope [Notas da Esperança].

Convidou amigos pra juntar-se a ela e com eles lavou carros, vendeu limonada na rua e fez apresentações musicais. Conseguiu levantar pouco mais de dez mil dólares, comprou 75 instrumentos de corda – violinos, violas e cellos – e doou ao Instituto Baccarelli, da favela de Heliópolis, a maior de São Paulo.

É um trabalho que poderia servir de exemplo a Caetano Veloso, Maria Bethania e Ivete Sangalo, só pra citar alguns dos que receberam milhões de reais através da Lei Rouanet pra viabilizar suas turnês.

MAIS UMA ESTRELA NO CÉU


Quinta-feira, 25 de junho de 2009, cinco horas de uma típica tarde de inverno – daquelas que combinam com bolinho de chuva. Meu celular apita uma mensagem: vem de Londres, através da amiga Izabela Sandrini, o anúncio da morte de Michael Jackson.


Michael foi um menino prodígio que emocionou o mundo com sua voz, seu talento, seu jeito novo de dançar. E como ele começou muito cedo, eu nem estava aqui para ver.


Quando me dei por gente, ele já havia iniciado seu processo de metamorfose. Éramos adolescentes eu e Flavia, minha irmã, quando ganhamos o álbum Dangerous – uma das grandes referências musicais na nossa geração.


Ouvimos aquele disco copiosamente até saber cada acorde, cada batida. Mas quando li aquela mensagem no celular, corri para um outro álbum, bem anterior. Foi ouvindo Ben que me sentei no computador pra acompanhar o noticiário e, do meu jeito, velar aquela estrela que partia em direção à grande constelação do infinito.


A estrela de Michael não se apaga. Antes de partir o homem, já havia nascido a lenda. A propósito do assunto, o milionário egípcio Mohamed Al Fayed anunciou sua intenção de erguer uma estátua do astro pop na Harrods, um dos lugares favoritos de Michael em Londres.


sábado, 20 de junho de 2009

DO FUNDO DO BAÚ


O Jornal Município Dia a Dia, onde assino uma coluna nas segundas e quintas-feiras, me encomendou uma especial pra constar no piloto que apresentou o novo projeto gráfico no jornal e circulou hoje na Strassenfest.


Então eu escrevi que há sempre uma dose extra de alegria em escrever uma coluna que inaugura um novo projeto, principalmente num ano repleto de comemorações: são 55 anos de notícia passada de mão em mão, de geração em geração, ultrapassando os anos e acompanhando o ritmo frenético que a própria vida de hoje nos impõe.

Também tenho meus motivos pessoais pra festejar: neste julho são dez anos participando dessa história sem trégua e sem jogar a toalha. Então decidi revirar meus baús empoeirados e encontrei doces recordações destes anos compartilhados com vocês: minha primeira coluna, naquela [cada vez mais] distante sexta-feira - 02 de julho de 1999, onde lancei-me a uma aventura pelo mundo das palavras numa proposta que ia do entretenimento às rodas sociais.

Encontrei também uma edição especialíssima que circulou na quarta-feira, 27 de fevereiro de 2002: era a primeira edição do Município Dia-a-Dia, estreando a era do diário com uma manchete que dizia oportunamente que “Brusque tem muitas histórias pra contar, todos os dias”.

Naquela ocasião o site do jornal já estava no ar, minha coluna ainda se chamava Na Mira e usei um texto que falava da importância da renovação usando a águia como exemplo. Depois, no 06 de março de 2006, o jornal ganhou cara nova outra vez, a coluna ganhou meu nome e eu uma vizinha de papel. Cláudia Bia habitou comigo nesta cercania durante anos felizes das nossas vidas. Agora ela muda de página e eu construo um puxadinho no espaço que era dela.

Passear por toda essa papelada acumulada nestes dez anos é passear na minha própria história – as pessoas, os lugares, os livros, os filmes, os musicais, as bobagens todas. Tá tudo ali registrado. Impresso. Consentido. Dividido com o leitor de coração aberto.

Aproveito essa celebração pra renovar meus votos sem precisar disfarçar minha alegria de poder continuar fazendo parte deste dia-a-dia. É uma enorme satisfação. Brindo ao jornal, à vida e aos leitores como no filme do Poderoso Chefão: Cent’Anni! Vida longa que quem brinda comigo vive cem anos. Tim-tim!

sexta-feira, 19 de junho de 2009

O ÚLTIMO VOO


Recebi via-email como um texto publicado na Revista Exame. Não veio com título nem com autor, mas gostei e transcrevo aqui no blog pra compartilhar com quem se agradar. Abre aspas:


Aí um dia você toma um avião para Paris, a lazer ou a trabalho, em um vôo da Air France, em que a comida e a bebida têm a obrigação de oferecer a melhor experiência gastronômica de bordo do mundo, e o avião mergulha para a morte no meio do Oceano Atlântico.

Sem que você perceba, ou possa fazer qualquer coisa a respeito, sua vida acabou. Numa bola de fogo ou nos 4 mil metros de água congelante abaixo de você naquele mar sem fim.

Você que tinha acabado de conseguir dormir na poltrona ou de colocar os fones de ouvido para assistir ao primeiro filme da noite ou de saborear uma segunda taça de vinho tinto com o cobertorzinho do avião sobre os joelhos.

Talvez você tenha tido tempo de ter a consciência do fim, de que tudo terminava ali. Talvez você nem tenha tido a chance de se dar conta disso. Fim.

Tudo que ia pela sua cabeça desaparece do mundo sem deixar vestígios, como se jamais tivesse existido. Seus planos de trocar de emprego ou de expandir os negócios. Seu amor imenso pelos filhos e sua tremenda incapacidade de expressar esse amor. Seu medo da velhice, suas preocupações em relação à aposentadoria. Sua insegurança em relação ao seu real talento ou quanto às chances de sobrevivência de suas competências nesse mundo que troca de regras a cada seis meses. Seu receio de que sua mulher, de cuja afeição você depende mais do que imagina, um dia lhe deixe. Ou pior: que permaneça com você infeliz, tendo deixado de amá-lo.

Seus sonhos de trocar de casa, sua torcida para que seu time faça uma boa temporada, o tesão que você sente pela ascensorista com ar triste. Suas noites de insônia, essa sinusite que você está desenvolvendo, suas saudades do cigarro.

Os planos de voltar à academia, a grande contabilidade (nem sempre com saldo positivo) dos amores e dos ódios que você angariou e destilou pela vida, as dezenas de pequenos problemas cotidianos que você tinha anotado na agenda para resolver assim que tivesse tempo.

Bastou um segundo para que tudo isso fosse desligado. Para que todo esse universo pessoal que tantas vezes lhe pesou toneladas tenha se apagado. Como uma lâmpada que acaba e não volta a acender mais. Fim.
Então, aproveite bem o seu dia. Extraia dele todos os bons sentimentos possíveis. Não deixe nada para depois. Diga o que tem pra dizer. Demonstre. Seja você mesmo. Não guarde lixo dentro de casa. Não cultive amarguras e sofrimentos. Prefira o sorriso. Dê risada de tudo, de si mesmo. Não adie alegrias nem contentamentos nem sabores bons. Seja feliz. Hoje. Amanhã é uma ilusão. Ontem é uma lembrança. No fundo, só existe o hoje. Então... na incerteza do amanhã, aproveitemos para sermos felizes hoje!!

domingo, 14 de junho de 2009

PRIMOS


Hoje a Má e a Gio estiveram no meu quarto e viram essa foto no painel. Aí resolvi postar ela aqui pra recordar nossa lovely family!!

INCENTIVO FISCAL



Li a notícia na Folha de São Paulo e fiquei com meu brio machucado. Caetano Veloso enviou um projeto pro Ministério da Cultura pra tentar aprovar, através da Lei Rouanet, o Tour Caetano Veloso – um projeto que prevê a realização do seu novo show “Zii e Zie” em 22 capitais pelo valor de R$ 2 milhões.

Num momento de lucidez, a comissão que analisa os projetos aspirantes ao benefício da lei negou o pedido com base num argumento bastante adequado: a receita de bilheteria torna desnecessária a utilização de incentivo fiscal. No entanto, é muito provável que essa decisão seja derrubada nos próximos dias pelo ministro da Cultura, Juca Ferreira, conterrâneo de Caetano.

Na mesma matéria, soube que no ano passado Maria Bethânia entrou com um projeto no valor de R$ 1,8 milhão para sua turnê. A comissão vetou, mas o ministro reviu a decisão e derrubou o veto.

Vejam bem: não estou aqui questionando a legitimidade do pedido, mas não posso aceitar calado que eles ganhem todo esse dinheiro através de incentivos fiscais e ainda cobrem a fortuna que cobram pelas apresentações. Porque um ingresso pro show do Caetano ou da Bethânia não custa menos de cem reais nem pendurado no balcão.

Podem achar que é dor-de-cotovelo. Guardadas as devidas proporções, o grupo de arte Alina Lamparina já enviou três projetos para o Funcultural que seria o equivalente aqui no âmbito estadual. Nunca recebeu sequer uma resposta. E nunca deixou de produzir diante desta falta de atenção. A diferença é que o grupo acaba tendo que repassar todo o custo da produção para o preço do ingresso, e ainda assim faz malabarismos pra trabalhar com preços populares.

sábado, 13 de junho de 2009

BUDAPESTE - O FILME


Expectativa é uma coisa frustrante, mas não consegui fazer diferente. Até porque eu achei o livro fodástico e o trailer do filme me colocou água na boca. Resultado: gostei do filme Budapeste, mas gostei sem querer ter uma cópia em casa pra rever milhares de vezes, como faço com outros filmes.

Aí começo a procurar uma explicação pra minha decepção e uma ideia me vem à cabeça: Chico Buarque tem a posse e a propriedade da língua portuguesa. E quando eu me emociono lendo a sua obra, essa emoção é fruto desse manuseio fluente das palavras, das combinações inusitadas, das nuances que a palavra escrita tem e que a imagem nem sempre consegue capturar.

Se uma imagem vale mais que mil palavras, Chico dá conta de achar a palavra que nem com mil imagens.

Pra quem não leu o livro, Budapeste conta a história de um ghost writer, ou seja, um sujeito que escreve para os outros e vende o texto sem assinatura, para que o comprador se aproprie da obra como se fosse de sua autoria.

De repente, esse escritor acaba em Budapeste graças a um pouso imprevisto, quando voava de Istambul a Frankfurt, e se depara com o idioma local, o húngaro, única língua do mundo que, segundo as más línguas, o diabo respeita.

A primeira frase do livro também aparece no filme na voz do protagonista-narrador Leonardo Medeiros: “devia ser proibido debochar de quem se aventura em língua estrangeira”. No entanto, essa aventura acaba se tornando uma vida paralela à que está acostumado e passa a se dividir entre duas cidades, dois idiomas, duas mulheres, duas famílias.

Quando eu digo que o filme não me fisgou completamente, isso não quer dizer que ele não tenha me emocionado. Tem algumas cenas que funcionam muito bem, em especial a cena diante da estátua do Escritor Desconhecido, sem traços na face.

Outra cena comovente é a cena em que ele está numa cabine telefônica em Budapeste telefonando para o Rio e a ligação está com eco. Ele deixa um recado na secretária eletrônica e fica ouvindo aquele reflexo sonoro, fruto do defeito da chamada, mas com saudade da língua-mãe a ponto de ficar saboreando algumas palavras soltas só pra poder ouvi-las de volta: Corcovado, Guanabara, saudade, marimbondo, adstringência.

É nesses momentos mais fiéis ao texto do Chico que o filme toca. Quero até transcrever um trecho que sublinhei e que aparece no filme, depois de um momento de verdades dolorosas: "...julguei que assim conseguiria tirar da cabeça as palavras que dissera à Vanda. Conseguia, mais ou menos, sempre sabendo que elas estavam por ali, que nem uma música de fundo, que nem um zumbido constante atrás do meu pensamento. Para esquecer aquelas palavras, talvez fosse necessário esquecer a própria língua em que foram ditas, como nos mudamos de casa que nos lembra um morto. Talvez fosse possível substituir na cabeça uma língua por outra, paulatinamente, descartando uma palavra a cada palavra adquirida. Durante algum tempo minha cabeça seria assim como uma casa em obras, com palavras novas subindo por um ouvido e o entulho descendo por outro. Sem dúvida me daria pena ver se desperdiçarem tantas palavras belas, azulejos, por culpa de umas poucas peças que eu usara de forma desastrada".

Mesmo assim, com grandes acertos, achei o filme longo e ao fim não tive o desejo de recomeçar. Estava cansado. E olha que o final é ótimo, ainda que no livro ele funcione melhor.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

A NOIVA E EU


Rodrigo e Karine, pra eternizar o momento na fotografia.

CASAMENTO DA KARINE COM O FERNANDO


Meus amigos Karine Appel e Fernando de Souza subiram ao altar no sábado que passou [06] num casamento que movimentou nossa high society e entrou pra história dos grandes casamentos da cidade. Foi uma noite comme il faut!

Desde a chegada na Azambuja, especialmente iluminada de âmbar, até a recepção no salão do Band, reformado recentemente, tudo foi meticulosamente preparado pra se tornar inesquecível.

A entrada da noiva é sempre um momento de grande expectativa. Acima de tudo para o noivo, que entrou um pouco antes ao som de Eu Preciso Dizer que te Amo. Então fecham as portas e as trombetas anunciam com a introdução da Marcha Nupcial a chegada da noiva, digna de uma capa de revista especializada no assunto. Nessa hora, os lenços começam a cumprir seu ofício diante de tantos olhares marejados.

Trocam as alianças, juram amor eterno, recebem alguns cumprimentos e a comemoração segue no clube que é uma extensão da casa da família da noiva. A atmosfera é da mais pura alegria. As paredes na entrada ganharam revestimento especial pra noite e as tulipas [eram muitas] sorriam para os convivas que brindavam a data com champanhe.

Jantar nota dez, doces de vitrine, a festa continua em alto astral com a orquestra convidando a arriscar uns passinhos no salão. Quando a turma se deu conta, o sol já brilhava lá fora. A noite, memorável, virou dia. E ficou guardada na memória de quem esteve lá. Aos noivos, desejo muuuuitos anos de felicidade compartilhada.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

A FAZENDA


A Record investiu pesado no reality show A Fazenda, que na sua primeira semana no ar já alcança um sucesso nos marcadores do Ibope. Pra quem não sabe do que se trata, é um Big Brother rural onde os participantes são celebridades.

O conceito de celebridade é que ficou um pouco dúbio depois que conheci a lista que entrou nA Fazenda. É que a maioria é celebridade por tabela: amigo de celebridade, filho de celebridade, esposa de celebridade e ainda assim nem tão celebradas quanto se esperava.

Mas é uma turma boa que em uma semana já armou um bocado de barracos: O cabeça é o ator Dado Dolabella. Depois tem a Babi Xavier da 1ª geração da MTV, o ator Jonathan Haagensen do filme Cidade de Deus, a Luciele Camargo – uma filha de Francisco, a Mulher Samambaia e o Mendigo do Pânico, o modelo Miro Moreira que é um amigo muito, mas muito íntimo do Gianechini e outros que nem sei explicar de onde surgiram.

SOBRE AS ÁGUAS


Reza a lenda que três homens andaram sobre as águas na história da humanidade: o primeiro foi Cristo. O segundo foi Pedro. O terceiro foi Ivangivaldo. Peraê... quem é Ivangivaldo?? Ivanginaldo é o ilustre desconhecido no retrato acima.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

LEITE DERRAMADO


Normalmente, quando a gente vai chegando nas últimas folhas de um livro, é normal apressar o passo e querer terminar logo pra conhecer o desfecho da história.

Em Leite Derramado, eu tive uma sensação estranha e oposta. Quando me dei conta que estava no último capítulo, comecei a economizar parágrafos, a ler mais devagar com o mesmo receio que a gente tem de acordar de um sonho bom. Ao fim, tive aquela triste visão do fundo da lata, antes coberta de balas e doces.

Já não é mais segredo toda a minha reverência por Chico Buarque, e o que alimenta esse gosto antigo é que ele sempre consegue safistazer minhas grandes expectativas.

O livro conta em primeira pessoa a história de um homem centenário num leito de hospital. Oriundo de uma tradicional família brasileira, ele desfia, num monólogo dirigido às enfermeiras e a quem aguentar ouvir, a história de sua linhagem desde os ancestrais portugueses, passando por um barão do Império, um senador da Primeira República até o tataraneto, garotão do Rio de Janeiro atual.

O Chico consegue uma coisa tão incrível que é manter a ordem de começo, meio e fim e ao mesmo tempo embaralhar a ordem cronológica das coisas e repetir as ideias como os velhos costumam fazer e até justificar isso no texto, como num trecho em que sublinhei:

“Se com a idade a gente dá pra repetir casos antigos, palavra por palavra, não é por cansaço da alma, é por esmero. É para si próprio que um velho repete sempre a mesma história, como se assim tirasse cópias dela, para a hipótese de a história se extraviar”.

terça-feira, 2 de junho de 2009

O SUICÍDIO DE GLORINHA


Glória era uma milionária “de berço” e muito gostosa. Um dia, Glória descobriu que o seu pai era veado. Descontente da vida, incapaz de aceitar a situação, resolveu se matar.

Mas não podia se matar como qualquer outra criatura, afinal, ela, Glória, era milionária, e ficar se atirando de qualquer viaduto ou ponte, cortando os pulsos ou tomando formicida era coisa de suicida pobre. Ela queria se matar com classe, de forma diferente, em grande estilo.

Mandou aprontar o jatinho da família e só com o piloto se mandou para o céu. Pretendia se atirar lá de cima. Durante o vôo, enquanto se preparava para o salto fatal, ela foi indagada pelo piloto a respeito do gesto extremo que ia executar e, chorando, contou a ele o que ocorria: “Papai é veado. Não consigo conviver com essa vergonha e vou me matar”.

Vislumbrando uma possibilidade, já que ele sempre havia cobiçado aquela mulher, o piloto sugeriu que dessem uma antes de ela se matar. Glória concordou, afinal, para quem ia morrer, não custava nada quebrar o galho de um humilde piloto que se declarara tão apaixonado por ela.

E assim foi. Piloto automático no avião e “tome-lhe e tome-lhe”. Glória gostou tanto que desistiu de se matar.

Qual é a moral da história? GLÓRIA DEU NAS ALTURAS E O PAI, NA TERRA, AOS HOMENS DE BOA VONTADE