domingo, 19 de julho de 2009

LATINOS


Eu gosto de dormir com um barulho de fundo. Digo, dormir não é o verbo certo porque na hora do descanso o ideal é mesmo o silêncio absoluto. Mas enquanto a gente está naquele limbo entre a vigília e o sono, é bom um barulhinho. De preferência em língua estrangeira.

Foi assim que descobri os prazeres da CNN em espanhol, língua que soa como um acalanto perfeito porque ainda que seja entre todas as latinas a prima mais próxima do nosso português, é a que tenho menos interesse e, portanto, a que me soa mais estranha.

Entretanto, não posso ocultar minha pescaria de palavras quando todo o corpo quer descansar e apenas o ouvido continua funcionando. E foi nesse clima de desprendimento que comecei a notar o quanto o espanhol é a língua mais fechada aos estrangeirismos que já pude notar.

Aí alguém vai contestar que o francês também detesta o inglês, onde eu direi que é verdade, mas o problema deles é político, bélico ou rixa de vizinho, mas é um problema pessoal. Só não queira me convencer que uma língua não roubou da outra porque é mentira. Tenho uma lista de exemplos.

No contrafluxo, o espanhol se mantém fiel ao próprio acento. Vamos ilustrar com a letra W. Em português, dáblio – uma derivação de double U, muitíssimo parecido se partirmos da pronúncia original. Em espanhol vira doblevê, bem mais coerente com a língua em que se diz. E nessa era cibernética onde a gente fica repetindo dáblio dáblio dáblio eles dizem triple doblevê.

Outro exemplo clássico é o OK. Aqui a gente mantem o sotaque original da expressão. Okei. Nossos hermanos são bairristas. Transformam em oká.

Antes de criar inimigos, quero deixar claro: isso não é um ataque ao português nem um elogio ao espanhol. É uma observação. Não serve pra absolutamente nada além de chamar atenção para o fato. Outro dia conversamos sobre o jeito como os espanhóis pronununciam o nome de celebridades estrangeiras. É o endosso do assunto.

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