
Zapeando entre um canal e outro, meus dedos me fazem parar na TV Senado quando o gaúcho Pedro Simon se pronunciava a respeito dos escândalos que assombram aquela casa.
O senador já está no seu quarto mandato, o que lhe rende mais de trinta anos na cúpula do legislativo e certamente é um dos principais personagens da história viva do Senado Federal.
Num discurso eloqüente, criticou a medida provisória como uma seqüela do parlamentarismo e num tom de mea culpa trouxe à superfície o conjunto da obra que tranformou aquela casa em motivo de chacota nacional.
Depois troquei a tevê pela internet onde li um artigo do Ruy Castro que combinava com que eu tinha acabado de ver.
Começava com uma história da Segunda Guerra. Um japonês, Tsutomu Yamaguchi, estava em Hiroshima a negócios no dia 6 de agosto de 1945 quando um avião americano despejou a bomba atômica sobre a cidade.
Morreram 140 mil pessoas. Tsutomu sofreu graves queimaduras, mas sobreviveu e conseguiu voltar no mesmo dia para sua cidade, Nagasaki.
Três dias depois, outro avião americano jogou a bomba sobre Nagasaki, matando mais 70 mil. E, pela segunda vez, Tsutomu, mais morto do que vivo, escapou. Sobreviveu não apenas ao impacto das duas bombas, mas passou a vida incólume aos efeitos da radiação que provocou cânceres fatais em milhares de seus compatriotas.
Em março último, aos 93 anos, foi oficialmente reconhecido pelo governo japonês como o único duplo hibakusha – sobrevivente da radiação atômica – do país.
Nem todos têm a incrível resistência de Tsutomu. O único outro sobrevivente profissional que poderia despertar inveja no japonês é o senador José Sarney.
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