
A morte de Michael Jackson trouxe à superfície um assunto que costuma desagradar uma das instituições mais poderosas do planeta: a indústria dos remédios.
Os rumores que correm é de a causa mortis do ídolo tenha sido uma dose excessiva de Demerol. Me corrijam se eu estiver equivocado, mas o Demerol é um analgésico poderoso como a morfina, daqueles que te levam ao céu em uma picada.
Não faz muito mais de um ano, o ator australiano Heath Ledger foi encontrado morto, vítima de uma overdose de remédios pra dormir.
Nossa cultura já aceitou: a gente toma remédio pra dormir, depois toma remédio pra acordar. Se levantar de mal humor, toma remédio pra ficar feliz. E se bater qualquer ansiedade, uma outra pílula mágica faz seu coração voltar ao pulso normal.
Ao mesmo tempo em que é louvável a gente poder contar com um comprimido que elimina a nossa dor, é triste ver o quanto estamos condicionados a resolver nossos problemas na farmácia.
Ninguém mais tira um tempo pra olhar pra dentro. Ninguém quer saber se a dor na cabeça é cansaço, se é fome, se é calor ou se é fruto de algum excesso. Basta umas gotas de qualquer coisa e o incômodo se esvai.
No dia seguinte, repete-se o rito com a mesma facilidade com que se faz o sinal da cruz diante de um símbolo sagrado e assim acostumamos o nosso corpo a sobreviver nessa loucura que são os nossos dias, acompanhando o nosso ritmo.
Somos complacentes com com uma sociedade que não sabe dosar o uso de drogas e insiste em tratar o assunto da forma mais velada possível. Proibimos a maconha mas aceitamos o abuso de substâncias fatais. E assim nossos heróis vão morrendo de overdose.
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