* O cineasta nova-iorquino David
O. Russell era um ilustre desconhecido do grande público há pouco tempo. Até
que em 2010 ele filmou O Vencedor e de repente viu seu trabalho indicado a sete
Oscar [levou melhor ator coadjuvante para Christian Bale e melhor atriz
coadjuvante para Melissa Leo], uma façanha e tanto pra quem acaba de surgir na
Academia.
* Só que ele foi mais longe. No
ano passado, seu filme O Lado Bom da Vida foi o campeão de indicações à
estatueta dourada. Foram oito, que na noite do Oscar acabaram em uma única
vitória para Jennifer Lawrence, com direito a um histórico tropeço na escada do
teatro.
* Emendando um projeto no outro,
seu novo filme Trapaça rendeu mais um feito heroico: outra liderança na lista
de indicados ao Oscar, empatado com Gravidade, do mexicano Alfonso Cuarón. Os
dois filmes concorrem em dez categorias.
* Desde os anos noventa, quando
comecei a acompanhar o Oscar, não lembro de um diretor que tenha tido esta
proeza. Três filmes em quatro anos com um total de 25 indicações. A maioria
delas nas categorias artísticas, o que deve significar que o cara é incrível
dirigindo atores.
* Contudo, devo dizer que apenas
gostei dos seus filmes. Não adorei nenhum deles e sigo achando que David O.
Russell ainda está buscando sua identidade no cinema. Sua obra não tem
assinatura, falta aquela impressão digital nos faça detectar a presença do
diretor sem precisar ler seu nome.
* Trapaça é um filme sobre um par
de picaretas que aceita trabalhar para um agente do FBI como uma espécie de
troca, para não serem presos. O objetivo da missão é chegar no inacessível
chefe da máfia, que é interpretado por Robert de Niro em uma participação
afetiva, sem créditos.
* No afã de guardar uma boa surpresa
para o final, o filme acaba confundindo um pouco o espectador, e é este o seu
principal pecado. Os quase 150 minutos de projeção guardam algumas cenas
memoráveis, mas também uma dose de tédio.
* No entanto, a trilha sonora
fica acima de qualquer suspeita – linda! – o que sempre dá uma alternativa pra
quem não estiver curtindo o filme: assistir de olhos fechados.
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