quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Trapaça


* O cineasta nova-iorquino David O. Russell era um ilustre desconhecido do grande público há pouco tempo. Até que em 2010 ele filmou O Vencedor e de repente viu seu trabalho indicado a sete Oscar [levou melhor ator coadjuvante para Christian Bale e melhor atriz coadjuvante para Melissa Leo], uma façanha e tanto pra quem acaba de surgir na Academia.

* Só que ele foi mais longe. No ano passado, seu filme O Lado Bom da Vida foi o campeão de indicações à estatueta dourada. Foram oito, que na noite do Oscar acabaram em uma única vitória para Jennifer Lawrence, com direito a um histórico tropeço na escada do teatro.

* Emendando um projeto no outro, seu novo filme Trapaça rendeu mais um feito heroico: outra liderança na lista de indicados ao Oscar, empatado com Gravidade, do mexicano Alfonso Cuarón. Os dois filmes concorrem em dez categorias.

* Desde os anos noventa, quando comecei a acompanhar o Oscar, não lembro de um diretor que tenha tido esta proeza. Três filmes em quatro anos com um total de 25 indicações. A maioria delas nas categorias artísticas, o que deve significar que o cara é incrível dirigindo atores.

* Contudo, devo dizer que apenas gostei dos seus filmes. Não adorei nenhum deles e sigo achando que David O. Russell ainda está buscando sua identidade no cinema. Sua obra não tem assinatura, falta aquela impressão digital nos faça detectar a presença do diretor sem precisar ler seu nome.

* Trapaça é um filme sobre um par de picaretas que aceita trabalhar para um agente do FBI como uma espécie de troca, para não serem presos. O objetivo da missão é chegar no inacessível chefe da máfia, que é interpretado por Robert de Niro em uma participação afetiva, sem créditos.

* No afã de guardar uma boa surpresa para o final, o filme acaba confundindo um pouco o espectador, e é este o seu principal pecado. Os quase 150 minutos de projeção guardam algumas cenas memoráveis, mas também uma dose de tédio.


* No entanto, a trilha sonora fica acima de qualquer suspeita – linda! – o que sempre dá uma alternativa pra quem não estiver curtindo o filme: assistir de olhos fechados.

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