* A escravidão é uma das
vergonhas que teremos que carregar pelo resto da nossa História. De bom, não
nos trouxe nada – a não ser pelas obras de arte. Não há como não se comover com
O Navio Negreiro, de Castro Alves: “se o velho arqueja, se no chão resvala,
ouvem-se gritos, o chicote estala e voam mais e mais...”
* Igualmente doloroso é o filme
12 Anos de Escravidão, do diretor inglês Steve McQueen. Eu fico imaginando a
sensação de redenção que deve ser para um cineasta negro poder mostrar no
cinema uma cena de açoite sem filtros. Não alivia as feridas herdadas dos seus
ancestrais, mas se compartilha.
* Trata-se da real história de
Solomon Northup, um negro nascido livre que mora com sua esposa e filhos em
Saratoga quando, em uma certa noite, é sequestrado e vendido como mercadoria,
sendo obrigado a trabalhar como escravo durante doze anos.
* Num primeiro momento, Chiwetel
Ejiofor recusou a oferta de McQueen pra encarnar o personagem de Solomon, mas
depois aceitou o desafio de viver o grande papel de sua vida. Para tanto, o
ator mergulhou numa plantação de algodão na Louisiana e aprendeu a tocar
violino.
* Depois de Solomon, a grande
personagem do filme é Patsey, vivida pela estreante Lupita Nyong’o, que
empresta o lombo para a impactante cena das chibatadas.
* O filme teve nove indicações ao
Oscar, nas categorias de melhor filme, melhor diretor, melhor ator [Ejiofor],
melhor atriz coadjuvante [Lupita], melhor ator coadjuvante [Michael
Fassbender], melhor roteiro adaptado, figurino, montagem e design de produção.