* Eu estava muito curioso sobre o retorno do quarteto que fez a plateia rir e chorar há vinte anos com a peça A Partilha. No início dos anos noventa, Natalia do Vale, Suzana Vieira, Arlete Salles e Thereza Piffer subiam ao placo do Teatro Cândido Mendes, em Ipanema, para estrear aquele sucesso que se repetiria pelos próximos seis anos em doze países pra depois ainda virar uma das melhores comédias do cinema nacional e agora ter seu revival na cena carioca.
* A peça foi escrita por Miguel Falabella depois de uma ideia que a atriz Natalia do Vale deu a ele, quando os dois atuavam como irmãos na novela O Outro. Arlete também estava neste elenco.
* O que eu não consegui descobrir foi o motivo de nenhuma das quatro atrizes da peça terem sido escaladas para o filme, o que gera uma comparação, e aqui também faço uma observação que é maior do que uma comparação: pra mim não existe elenco mais bem escalado do que o quarteto que fez o filme. As quatro da peça são boas. As quatro do filme arrebentam a boca do balão.
* Outra pergunta que não consegui responder foi sobre a substituição de Natalia do Vale por Patricia Travassos, já que a primeira, além de ter bem mais o perfil da personagem Selma, é também a mentora da ideia.
* Voltando à minha curiosidade sobre a peça A Partilha, ela nasceu principalmente pelas repetidas vezes que assisti ao filme. Quando eu via uma cena difícil de imaginar no espaço de um teatro, sempre ficava me perguntando como teria sido isso no original.
* Todas as perguntas foram satisfeitas agora que, com organização e sorte - sempre o fator sorte! - eu me sentei na primeira fila do teatro Casagrande pra assistir o retorno d´A Partilha. Foi ali que ri e chorei, como muitos, com essa história deliciosa que retrata a relação destas quatro irmãs.
* O texto do filme não é fiel ao texto da peça, e acho que nunca é quando se adapta uma peça de teatro para a tela do cinema, mesmo porque o cinema oferece muito mais possibilidades. Contudo, uma grande parte do texto está de acordo. Ipsis literis.
* Outra diferença relevante é que no filme, existem pelo menos meia dúzia de personagens a mais. Na peça, estes personagens são apenas citados nas histórias contadas pelo quarteto. E os espaços, que no filme são variados, no teatro se limitam à casa mortuária, na primeira cena, e no apartamento da mãe em todas as demais.
* Teve inclusive uma saída muito interessante na transformação do primeiro cenário no segundo: o caixão da mãe escondia o sofá da sala do apartamento. O público achou graça.
* Quem for passar pelo Rio neste mês de setembro, recomendo que inclua A Partilha no programa. É bem possível que você vá rir e chorar. E descobrir que toda família, sobretudo as grandes, possui a sua Selma, a sua Regina, a sua Maria Lúcia e a sua Laurinha.
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