terça-feira, 4 de setembro de 2012

O Mágico de Oz

* Tem lugares que conseguem nos evocar uma lista de lembranças felizes. O teatro João Caetano, na praça Tiradentes, bem no centrão do Rio de Janeiro, é um destes lugares. Tudo o que assisti neste teatro foi direto para a parede da memória.

* Não sei se consigo lembrar da minha primeira vez, nem da ordem cronológica, mas foi lá que assisti, por exemplo, a Ópera do Malandro e também o musical Gota D´Agua, ambos do Chico Buarque. Também foi lá que assisti, na estreia, o espetáculo Nó, da Cia Débora Colker, com Caroline Fischer na poltrona ao lado. Lembro que neste dia ela usou a expressão "xixi profilático", que eu nunca havia ouvido e fui aprender lá, no saguão do João Caetano.

* Assisti ainda no palco do João Caetano o musical Sete, escrito por Ed Motta e dirigido pela dupla Charles Moeller e Claudio Botelho - a mesma dupla que me fez voltar neste fim de semana ao João Caetano pra assistir O Mágico de Oz.

* Eu não fui conferir os números, o que quer dizer que posso estar sendo leviano no que vou falar, mas acredito que O Mágico de Oz tenha sido uma das peças mais montadas e mais assistidas da história do teatro mundial. Eu mesmo já assisti diversas vezes, e aqui quero confessar que acho a trilha sonora chata, muito chata, mas muuuito chata, exceto Over the Rainbow, que é linda e nem sei como pode fazer parte do mesmo conjunto. A grande maioria das músicas desta peça me fazem pensar nos sete anões voltando para casa.

* A história d´O Mágico de Oz eu creio que todos conheçam, o filme com Judy Garland é tão antigo quanto o gênero musical no cinema. Uma espécie de Alice no País das Maravilhas, uma garota que sonha com um mundo imaginário e, no sonho, quer voltar pra casa. Dorothy carrega um cachorro, o Totó. Alice um gato, que não a acompanha no espaço do sonho.

* O elenco é ótimo: Malu Rodrigues [a Bia de Tapas & Beijos] faz a mocinha da história, Pierre Baitelli - que já foi seu par no Despertar da Primavera - faz o espantalho que procura por um cérebro, Nicola Lama faz o Homem de Lata que quer um coração e Lucio Mauro Filho é o Leão Covarde em busca de coragem. Miele faz o papel do mágico. Aliás, esta é uma das poucas peças - a única que eu lembro, pra ser sincero - onde o personagem que dá título à peça não é protagonista. Pelo contrário, Miele entra em cena apenas duas ou três vezes, e se sai bem.

* No entanto, a grande surpresa que tive foi com a atriz Cristiana Pompeo, que deixou o seu papel de árvore na peça pra substituir Maria Clara Gueiros no papel de Bruxa Má do Oeste. Maria Clara, não sei por que razão, precisou ser substituída, e fez aquilo que nenhum ator deve fazer: abrir espaço para que outro mostre que pode fazer melhor do que ele. Eu ainda sou da opinião que não se falta nem em ensaio, quanto menos no dia da apresentação. Resumo da Ópera, Cristiana arrebentou.

* Tem ainda um outro rapaz no elenco que atende pela graça de Kostyantyn Biriuk, não fala uma palavra em português - pelo menos não em cena - e ganhou um papel de destaque que nem existe nas outras montagens. O rapaz fala apenas com seu corpo e os diretores inventaram um papel especialmente pra ele. Isso é o que eu chamo de ver alguém com bons olhos.

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