* Tem
lugares que conseguem nos evocar uma lista de lembranças felizes. O teatro João
Caetano, na praça Tiradentes, bem no centrão do Rio de Janeiro, é um destes
lugares. Tudo o que assisti neste teatro foi direto para a parede da memória.
* Não sei se consigo lembrar da minha primeira vez, nem da
ordem cronológica, mas foi lá que assisti, por exemplo, a Ópera do Malandro e
também o musical Gota D´Agua, ambos do Chico Buarque. Também foi lá que
assisti, na estreia, o espetáculo Nó, da Cia Débora Colker, com Caroline
Fischer na poltrona ao lado. Lembro que neste dia ela usou a expressão
"xixi profilático", que eu nunca havia ouvido e fui aprender lá, no
saguão do João Caetano.
* Assisti ainda no palco do João Caetano o musical Sete,
escrito por Ed Motta e dirigido pela dupla Charles Moeller e Claudio Botelho -
a mesma dupla que me fez voltar neste fim de semana ao João Caetano pra
assistir O Mágico de Oz.
* Eu não fui conferir os números, o que quer dizer que
posso estar sendo leviano no que vou falar, mas acredito que O Mágico de Oz
tenha sido uma das peças mais montadas e mais assistidas da história do teatro
mundial. Eu mesmo já assisti diversas vezes, e aqui quero confessar que acho a
trilha sonora chata, muito chata, mas muuuito chata, exceto Over the Rainbow,
que é linda e nem sei como pode fazer parte do mesmo conjunto. A grande maioria
das músicas desta peça me fazem pensar nos sete anões voltando para casa.
* A história d´O Mágico de Oz eu creio que todos conheçam,
o filme com Judy Garland é tão antigo quanto o gênero musical no cinema. Uma
espécie de Alice no País das Maravilhas, uma garota que sonha com um mundo
imaginário e, no sonho, quer voltar pra casa. Dorothy carrega um cachorro, o
Totó. Alice um gato, que não a acompanha no espaço do sonho.
* O elenco é ótimo: Malu Rodrigues [a Bia de Tapas
& Beijos] faz a mocinha da história, Pierre Baitelli - que já foi seu
par no Despertar da Primavera - faz o espantalho que procura por um cérebro,
Nicola Lama faz o Homem de Lata que quer um coração e Lucio Mauro Filho é o
Leão Covarde em busca de coragem. Miele faz o papel do mágico. Aliás, esta é
uma das poucas peças - a única que eu lembro, pra ser sincero - onde o
personagem que dá título à peça não é protagonista. Pelo contrário, Miele entra
em cena apenas duas ou três vezes, e se sai bem.
* No entanto, a grande surpresa que tive foi com a atriz
Cristiana Pompeo, que deixou o seu papel de árvore na peça pra substituir Maria
Clara Gueiros no papel de Bruxa Má do Oeste. Maria Clara, não sei por que
razão, precisou ser substituída, e fez aquilo que nenhum ator deve fazer: abrir
espaço para que outro mostre que pode fazer melhor do que ele. Eu ainda sou da
opinião que não se falta nem em ensaio, quanto menos no dia da apresentação. Resumo
da Ópera, Cristiana arrebentou.
* Tem ainda um outro rapaz no elenco que atende pela graça
de Kostyantyn Biriuk, não fala uma palavra em português - pelo menos não em
cena - e ganhou um papel de destaque que nem existe nas outras montagens. O
rapaz fala apenas com seu corpo e os diretores inventaram um papel
especialmente pra ele. Isso é o que eu chamo de ver alguém com bons olhos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário