* Quando o matemático Edward Lorenz teorizou sobre o “efeito borboleta”
nos anos sessenta, não creio que ele pudesse imaginar os préstimos que estaria
oferecendo ao cinema. Essa ideia de que o bater de asas de uma borboleta em
Toquio pode provocar um furacão em Nova iorque vem inspirando uma excelente
safra de filmes.
* O cineasta espanhol Alejandro Iñárritu [o sobrenome mais esquisito e
impronunciável do cinema] é um dos maiores entusiastas do tema, com uma
trilogia sobre o assunto que começou com Amores Brutos, seguiu com 21 Gramas e
findou com o excelente Babel.
* Houve também um filme que faz bastante sucesso na época que se valeu
da própria expressão Efeito Borboleta pra lhe servir de título, com o
jovenzinho Ashton Kutcher, o que lhe rendeu projeção no métieur e,
possivelmente, a atenção de Demi Moore, com quem se casou no ano seguinte.
* É o lado aleatório da vida, como a forma de uma nuvem no céu, como o
destino daquela pena da primeira cena do filme Forrest Gump, com aquela música
linda vindo pelo ar. Se você já esqueceu, é hora de rever.
* A história da teoria do caos e do efeito borboleta servem de prólogo
para o novo filme do cineasta brasileiro Fernando Meirelles, 360, escolhido
para ser o filme de abertura do Festival de Gramado deste ano.
* 360 tem sido um fracasso de público nos Estados Unidos, fato que me
deixa com uma ponta de satisfação, porque é maravilhoso saber que um diretor
brasileiro está fazendo história no cinema com filmes que passam ao largo dos
super-heróis campeões de bilheteria.
* O título do filme, a propósito, não é citado nenhuma vez no roteiro.
Não existe o número 360 em diálogo algum, mas é totalmente explicativo quando
um ciclo se fecha, ou quando o efeito borboleta é tão completo que desencadeia
uma série de acontecimentos até voltar à própria borboleta, depois de uma volta
ao mundo – outra vez 360.
* Usando esta estratégia como pano de fundo, o filme trata sobre dilemas
morais. Com que cara voltar pra casa depois de trair? Até quando aguentar um
chefe que insiste em te destratar? Que caminho tomar diante de uma bifurcação?
* Como a prostituta do início do filme no ranking dos seus clientes, 360
é – sim! – um filme cinco estrelas, acima da média, com um elenco incrível que
inclui estrelas do quilate de Anthony Hopkins, Rachel Weisz e Jude Law, além
dos brasileiros Juliano Cazarré [o Adauto de Avenida Brasil] e Maria Flor.
Veja bem: não é história do cinema brasileiro, mas brasileiros fazendo história
no cinema.
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