terça-feira, 7 de agosto de 2012

Descobertas


* Assim como eu acredito que a solução de um problema sempre cria um novo problema – a gente cobre um buraco e, para isso, deixa outro aberto – assim também creio que uma descoberta leva à outra. Digo isso porque acabou de acontecer.

* Em 2005, procurando me encontrar, prestei a prova da Escola de Arte Dramática da USP, concorrendo a uma vaga na escola de teatro mais cobiçada do país. Não fui selecionado, mas guardo algumas lembranças – e isso inclui o texto d’A Tempestade, a última peça escrita por Shakespeare e que fazia parte do conteúdo a ser estudado para a prova.

* Apesar de ser um texto relativamente curto, é um texto intenso e de difícil compreensão, até mesmo pela idade e por todas aquelas flexões verbais que já caíram em desuso, tanto no original inglês quanto na tradução portuguesa.

A Tempestade

* Na última semana, assistindo à cerimônia de abertura das Olimpíadas, eis que entra em cena Keneth Branagh, ator inglês especialista em Shakespeare, recitando alguns versos da peça A Tempestade. É claro que eu não reconheci de imediato, principalmente porque estava na língua original, mas o comentarista do evento deu o crédito e disse que o poema era uma ode à Inglaterra.

* Acendi minha vela ao oráculo Google mas não chegueinas ferramentas corretas pra encontrar a parte do texto recitada na cerimônia. Então vasculhei minhas prateleiras atrás daquele fino livro [minha edição é de bolso] pra reler e tentar decifrar qual era o pedaço escolhido para a abertura dos jogos olímpicos.

Ilha dos Sonhos

* Achei o texto: “Não tenhais medo. A ilha é cheia de ruídos, sons e doces brisas que dão prazer e não fazem mal. Tem vezes em que mil instrumentos metálicos ressoam em meus ouvidos. Outras vezes há vozes que, mesmo que tenha eu acordado de um longo e profundo sono, fazem-me dormir de novo. E então, em sonhos, as nuvens parecem abrir-se, exibindo riquezas que me vão cair no colo, de maneira que, quando acordo, caio no choro, porque meu desejo é voltar a sonhar”.

* Discordo do comentarista quando diz que é uma ode à Inglaterra. Apesar de caber no contexto histórico das olimpíadas, afinal Shakespeare não pode ser negligenciado quando se conta a história de Londres, a ilha em questão é uma ilha deserta fictícia.

* Durante minha pesquisa veio a história de que uma descoberta leva a outra. Sem querer, esbarrei em um filme sobre a peça, lançado pela Miramax, com ninguém menos que Helen Mirren – uma das grandes atrizes de teatro da Inglaterra e vencedora do Oscar por A Rainha – encabeçando o elenco.

Chocolates Godiva

* O filme A Tempestade não repercutiu nos cinemas das bandas de cá – ou estava no mundo da lua quando isso aconteceu, mas já entrou na minha lista de coisas pra pedir pra Claudia Bia procurar, ela que acha tudo o que eu preciso.

* E por falar na Bia, esta outra descoberta levou a mais uma descoberta. Há alguns anos, nas minhas andanças por aí, eu e minha escudeira Izabela Sandrini fomos trabalhar numa festa em Londres oferecida por um ator chamado Tom Conti servindo morangos banhados no chocolate Godiva.

* Eu não o conhecia de filme nenhum, mas quando contei o episódio pra Claudia ela me deu a filmografia completa – o que me deixou feliz, porque agora tinha trabalhado na festa de um ator nem tão desconhecido assim. Por ironia, acabo de ler o nome dele no elenco deste filme. Faz o papel do Conselheiro Gonzalo.

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