sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Pranto


* A notícia correu ligeiro na noite de sábado: Whitney Houston foi encontrada morta na banheira de um hotel em Beverly Hills, onde estava para a cerimônia do Grammy – que aconteceu ontem em Los Angeles.

* A propósito de celebridades, tenho reparado uma particularidade na flexão do verbo. Ao invés de morrerem, são encontrados mortos. É claro que a morte é, por uma regra natural, uma atividade solitária – o derradeiro ofício dos seres pulsantes. Mas o fato de ser encontrado morto normalmente traz a mesma causa-mortis por detrás.

* A relação de Whitney com o álcool e as drogas era antiga. Durante seu tumultuado casamento com o rapper Bobby Brown, era comum ler manchetes nos tablóides sobre barracos – provavelmente regados a vodka e cocaína.

* A polícia divulgou que não encontrou drogas no quarto do hotel. Apenas cápsulas e remédios. Whitney também conversou por telefone com a mãe e com a prima Dionne Warwick algumas horas antes e nenhuma delas notou algum comportamento suspeito.

* Na semana passada, ainda comentei aqui que sua canção I Will Always Love You havia sido eleita uma daquelas canções que fazem a gente chorar. Whitney Houston calou-se para sempre. Sua voz, no entanto, ainda vai embalar o nosso pranto.

Tributo

* A noite do Grammy também foi de tributo a Whitney Houston. A eleita pra cantar I Will Always Love You – tema do filme O Guarda Costas e seu maior sucesso – na festa foi Jennifer Hudson.

* Diante de tantos elogios nas redes sociais, fico com um pouco de vergonha de dizer que não gostei, mas preciso ser fiel a mim mesmo e dizer: não gostei. E posso argumentar. Já nas primeiras frases, ela fez uma coisa que eu acho pavorosa: respirar no meio de uma palavra.

* Revejam o vídeo e reparem na palavra “only”, já no segundo verso. O calor da emoção aceita embargos na voz, tremores e até uma derrapada na afinação, mas não tolera respiração no meio de palavra. Nem que fosse supercalifragilisticexpialidocious.

* E depois ela encheu tudo com tantos ieiês que ficou parecendo música gospel. Se fosse eu a dirigir, teria colocado Beyoncé pra este solo.

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