* A Invenção de Hugo Cabret é a primeira aventura do diretor Martin Scorsese no universo tridimensional, e não poderia ter começado melhor. O filme usa a história do órfão Hugo – um novo Oliver Twist que vive na Paris dos anos trinta – pra contar a própria história do cinema.
* A metalinguagem vai além: usa a tecnologia 3D pra mostrar que já se fazia isso na invenção do cinema, quando os irmãos Lumière apareceram com o primeiro cinematógrafo.
* Do ponto de vista técnico, é um filme impecável. Passear por Paris na terceira dimensão, reconhecendo seus edifícios e suas avenidas é uma delícia. Logo no início, o diretor tem uma sacada genial que é lançar um olhar sobre a avenida circular que corre em torno do Arco do Triunfo e fundi-la com o centro de uma grande engrenagem – elemento que dá o pontapé inicial pra contar a história de Hugo.
* Hugo vive clandestinamente na Gare du Nord, onde dá corda nos relógios, cujas torres lhe oferecem visões panorâmicas da cidade e do seu entorno. Seu pai [uma participação afetiva de Jude Law] lhe deixa um único legado: um autômato – um boneco movido à corda que precisa de reparos pra poder funcionar.
* Nessa missão, ele se envolve com uma das figuras mais emblemáticas da história da sétima arte, o diretor Georges Méliès, um ilusionista que apostou suas fichas num estúdio, dirigiu e protagonizou centenas de produções e acabou caindo no esquecimento com as grandes mudanças trazidas pela Primeira Guerra.
* Os mais céticos irão achar o filme bobo. No entanto, os que tiverem olhos para apreciar seu lirismo, sua poesia, terão uma obra-prima diante de si. A direção de arte é primorosa, assim como a trilha sonora, com valsas tristes no acordeom. Ao final, minha vontade era levantar e aplaudir.
* Pra mim, foi o grande injustiçado da noite de ontem na festa do Oscar, ganhando apenas prêmios técnicos.
Dúvida
* O título do filme em português retoma o original do livro que inspirou o filme. The Invention of Hugo Cabret é um romance juvenil do escritor norte-americano Brian Selznick.
* Antes de assistir ao filme, achei que Hugo Cabret era o produto da invenção. Em nenhum momento passou pela minha cabeça que Hugo Cabret pudesse ser o inventor – o que é completamente razoável.
* Depois de ver o filme, fiquei em dúvida. Não achei que Hugo Cabret fosse inventor nem invenção, exceto pela parte ficcional da trama. Talvez nem o próprio Martin Scorsese tenha chegado a alguma conclusão, optando por chamar seu filme simplesmente de Hugo.
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