terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Cabaret


* Eu já falei do assunto na ocasião da estreia, mas gostaria de retomá-lo agora, depois de assistir. Meu primeiro contato com o musical Cabaret aconteceu em 2003, quando eu estava em Nova York e um dos cartazes da Broadway anunciava um revival do musical no lendário Studio 54.

* Naquela ocasião eu assisti a peça com o cantor cubano Jon Secada no papel de Emcee [MC – mestre de cerimônias, para ajudar os desavisados] dirigido por Sam Mendes, que estava no topo da cadeia alimentar após ganhar o Oscar de melhor diretor e melhor filme, em 2000, com Beleza Americana – seu filme de estreia.

* Agora, a montagem da peça em São Paulo, com Claudia Raia no papel de Sally Bowles, uma prostituta inglesa, atração de um cabaré decadente de Berlim durante o apogeu do nazismo, está imperdível.

* A personagem cai como uma luva nas mãos da atriz, que já fez este gênero em Sweet Charity, só pra ilustrar. Cláudia é uma das precursoras e uma grande entusiasta do gênero musical no Brasil. Assisti-la é sempre uma aula e, apesar de não ser uma grande cantora e patinar nas notas mais agudas, a sua performance é sempre impressionante.

* Quem também arrebenta é Jarbas Homem de Mello, no papel do mestre de cerimônias. A direção é de José Possi, a versão brasileira de Miguel Falabella e há rumores de que a montagem siga em cartaz até julho, migrando para o Rio em seguida.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Hugo


* A Invenção de Hugo Cabret é a primeira aventura do diretor Martin Scorsese no universo tridimensional, e não poderia ter começado melhor. O filme usa a história do órfão Hugo – um novo Oliver Twist que vive na Paris dos anos trinta – pra contar a própria história do cinema.

* A metalinguagem vai além: usa a tecnologia 3D pra mostrar que já se fazia isso na invenção do cinema, quando os irmãos Lumière apareceram com o primeiro cinematógrafo.

* Do ponto de vista técnico, é um filme impecável. Passear por Paris na terceira dimensão, reconhecendo seus edifícios e suas avenidas é uma delícia. Logo no início, o diretor tem uma sacada genial que é lançar um olhar sobre a avenida circular que corre em torno do Arco do Triunfo e fundi-la com o centro de uma grande engrenagem – elemento que dá o pontapé inicial pra contar a história de Hugo.

* Hugo vive clandestinamente na Gare du Nord, onde dá corda nos relógios, cujas torres lhe oferecem visões panorâmicas da cidade e do seu entorno. Seu pai [uma participação afetiva de Jude Law] lhe deixa um único legado: um autômato – um boneco movido à corda que precisa de reparos pra poder funcionar.

* Nessa missão, ele se envolve com uma das figuras mais emblemáticas da história da sétima arte, o diretor Georges Méliès, um ilusionista que apostou suas fichas num estúdio, dirigiu e protagonizou centenas de produções e acabou caindo no esquecimento com as grandes mudanças trazidas pela Primeira Guerra.

* Os mais céticos irão achar o filme bobo. No entanto, os que tiverem olhos para apreciar seu lirismo, sua poesia, terão uma obra-prima diante de si. A direção de arte é primorosa, assim como a trilha sonora, com valsas tristes no acordeom. Ao final, minha vontade era levantar e aplaudir.

* Pra mim, foi o grande injustiçado da noite de ontem na festa do Oscar, ganhando apenas prêmios técnicos.

Dúvida

* O título do filme em português retoma o original do livro que inspirou o filme. The Invention of Hugo Cabret é um romance juvenil do escritor norte-americano Brian Selznick.

* Antes de assistir ao filme, achei que Hugo Cabret era o produto da invenção. Em nenhum momento passou pela minha cabeça que Hugo Cabret pudesse ser o inventor – o que é completamente razoável.

* Depois de ver o filme, fiquei em dúvida. Não achei que Hugo Cabret fosse inventor nem invenção, exceto pela parte ficcional da trama. Talvez nem o próprio Martin Scorsese tenha chegado a alguma conclusão, optando por chamar seu filme simplesmente de Hugo.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Lady Thatcher


* Margaret Thatcher foi a primeira-ministra inglesa entre 1979 e 1990 – exatamente o período da minha infância, quando a gente aprende algumas capitais e presidentes importantes, donde dá pra saber que este nome estava presente nos meus primeiros anos.

* Seu apelido Dama de Ferro é creditado aos soviéticos, mas pode ter um bocado de inspirações: Thatcher sobreviveu a uma tentativa de assassinato em 1984, foi rígida na oposição aos sindicatos e inflexível feito ferro nas críticas à União Soviética.

* Seu nome volta às bocas com o filme A Dama de Ferro, sobre sua vida, protagonizado por Meryl Streep numa atuação gloriosa – forte candidata ao Oscar de melhor atriz, e aqui aproveito pra confessar o quanto eu gostaria que essa estatueta fosse dela.

Sem Final

* Eu costumo criticar biografias de pessoas vivas, afinal de contas, o grande desfecho da vida é a morte e sempre que se escreve um livro ou se faz um filme sobre a história de alguém vivo, tenho a sensação de que faltou o final.

* No caso de Margaret Tatcher a causa-mortis não terá relevância: ela já está bastante idosa e sofre de demência. É provável que ela nem tome consciência do filme sobre sua vida.

* Sua história foi bem contada, desde a infância quando era a filha do quitandeiro passando pela bolsa que ganhou pra estudar em Oxford, a paixão por Dennis e o casamento de papéis invertidos – ela era o homem da relação, o engajamento com a política, sua ascensão e seu declínio até culminar na solidão da velhice.

Melhor Atriz

* Na saída da sessão d´A Dama de Ferro, tudo o que eu conseguia pensar era na habilidade de Meryl Streep em se entregar se corpo e alma às suas personagens, a ponto de eu esquecer que era Meryl Streep quem estava ali.

* Há pouco eu confessei minha torcida por ela neste Oscar que acontece depois do carnaval, no domingo [26]. Meryl Streep é, disparado, o nome mais assíduo nas listas de indicados ao Oscar de Melhor Atriz.

* Este ano, ela recebeu sua 17ª indicação, sendo três vezes na categoria de atriz coadjuvante e todas as demais em um papel principal.

* O mais justo seria que a Academia fizesse com ela o que acabou de ser feito no Festival de Berlim: homenagear pelo conjunto da obra – que já é incrível, e vou orar pra que ela tenha vida longa e possa me emocionar ainda muitas vezes.

Pranto


* A notícia correu ligeiro na noite de sábado: Whitney Houston foi encontrada morta na banheira de um hotel em Beverly Hills, onde estava para a cerimônia do Grammy – que aconteceu ontem em Los Angeles.

* A propósito de celebridades, tenho reparado uma particularidade na flexão do verbo. Ao invés de morrerem, são encontrados mortos. É claro que a morte é, por uma regra natural, uma atividade solitária – o derradeiro ofício dos seres pulsantes. Mas o fato de ser encontrado morto normalmente traz a mesma causa-mortis por detrás.

* A relação de Whitney com o álcool e as drogas era antiga. Durante seu tumultuado casamento com o rapper Bobby Brown, era comum ler manchetes nos tablóides sobre barracos – provavelmente regados a vodka e cocaína.

* A polícia divulgou que não encontrou drogas no quarto do hotel. Apenas cápsulas e remédios. Whitney também conversou por telefone com a mãe e com a prima Dionne Warwick algumas horas antes e nenhuma delas notou algum comportamento suspeito.

* Na semana passada, ainda comentei aqui que sua canção I Will Always Love You havia sido eleita uma daquelas canções que fazem a gente chorar. Whitney Houston calou-se para sempre. Sua voz, no entanto, ainda vai embalar o nosso pranto.

Tributo

* A noite do Grammy também foi de tributo a Whitney Houston. A eleita pra cantar I Will Always Love You – tema do filme O Guarda Costas e seu maior sucesso – na festa foi Jennifer Hudson.

* Diante de tantos elogios nas redes sociais, fico com um pouco de vergonha de dizer que não gostei, mas preciso ser fiel a mim mesmo e dizer: não gostei. E posso argumentar. Já nas primeiras frases, ela fez uma coisa que eu acho pavorosa: respirar no meio de uma palavra.

* Revejam o vídeo e reparem na palavra “only”, já no segundo verso. O calor da emoção aceita embargos na voz, tremores e até uma derrapada na afinação, mas não tolera respiração no meio de palavra. Nem que fosse supercalifragilisticexpialidocious.

* E depois ela encheu tudo com tantos ieiês que ficou parecendo música gospel. Se fosse eu a dirigir, teria colocado Beyoncé pra este solo.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Trinta Moedas


* Na qualidade de diretor do grupo de arte Alina Lamparina, apresento a arte que Claudia Bia acaba de tirar do forno para o musical que o grupo ensaia pra estrear quando julho chegar.

* É uma peça baseada no musical Godspell, que por sua vez foi baseado no livro do evangelho segundo São Mateus. A história é uma velha conhecida de todos, mas sob uma ótica bem mais humana e bem menos religiosa.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Fogo e Paixão


* Nas últimas semanas, acompanhei pelos portais de notícias o estado de saúde do Wando, patrimônio da música popular brasileira. Na verdade não li nada além das manchetes, mas me impressionei com a quantidade: todos os dias havia alguma notícia de melhora ou piora, a ponto de parecer que havia uma assessoria de imprensa cobrindo os dias de hospital.

* Ainda pensei com os meus borbotões: faz mais de vinte anos que o Wando não emplaca uma canção que rendesse tanta notícia como sua internação. Vou escrever sobre isso.

* Pois ontem, quando me sentei pra esboçar a coluna de hoje, uma janela se abre na minha cara – na minha tela – noticiando sua morte. De repente, na minha mente, começou a tocar Chora Coração. Eu era de novo uma criança assistindo, sem entender muito bem, a novela Roque Santeiro. Mas entendia aquela canção que dizia “passarinho na gaiola feito gente na prisão”.

* Wando foi tachado de brega e só era bem recebido a título de sacanagem. Só se cantava Wando em tom de deboche. Talvez seja tarde pra advogar a seu favor, mas enquanto músico posso garantir que suas harmonias são muito mais sofisticadas que qualquer sertanejo universitário.

* Seus versos eram simples, às vezes maliciosos. Lembram daquela que dizia que “se você quer me dar, eu quero receber”? Talvez não. Mas Fogo e Paixão, sua obra-prima, vai continuar a embalar romances por gerações, afinal de contas, os clássicos são eternos. Wando era fogo. A gente é paixão.

Histórias Cruzadas


* Nossa história de dominação dos brancos sobre os negros através de séculos abriu algumas feridas que podem jamais cicatrizar. Mas assistir a um filme como Histórias Cruzadas e se envergonhar, achar um absurdo que isso realmente tenha acontecido, pode ser um jeito de saber que as pessoas evoluíram – e um motivo pra não perder a fé na humanidade.

* Candidato à estatueta dourada de melhor filme, todo o ritual aconteceu como um filme “de Oscar” merece: cinema, pipoca, Coca-Cola e até companhia – minha prima Gio que no fim do filme disputou comigo a final do concurso do lenço molhado.

* É uma história sobre racismo que se passa no Mississipi durante o início dos anos sessenta, retratando a relação entre patroas e suas empregadas domésticas, num filme repleto de grandes momentos e atuações brilhantes – três delas estão na corrida para o Oscar, inclusive Viola Davis, que me deixou com a voz embargada.

* A crítica cri-cri tem sido um pouco cruel com o filme, mas tenho certeza que a turma do coração de manteiga vai gostar demais, e eu não ficaria nem um pouco indignado se, numa zebra, faturasse a estatueta dourada de melhor filme.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Everybody Hurts

* O produtor teatral britânico David King encomendou um estudo pra descobrir qual a canção mais poderosa quando se trata de uma ferramenta emocional – ou seja, uma música que é melhor você ouvir sem facas ou cordas por perto.

* A grande vencedora foi Everybody Hurts, do R.E.M., que é realmente uma bela canção, triste como as belas canções sabem ser. Em segundo lugar, Candle in the Wind, que Elton John compôs para o funeral da princesa Diana.

* Também aparecem na lista as surradas I Will Always Love You, sucesso de Whitney Houston no filme O Guarda Costas, e My Heart Will Go On, na voz de Celine Dion com o Titanic submergindo no fundo da tela.

Millennium


* O escritor sueco Stieg Larsson era jornalista e havia fundado a revista Expo, com sede em Estocolmo. Certo dia, no doce novembro de 2004, chegou à sede da revista e se deparou com o elevador em manutenção. Arriscou sete lances de escada pra chegar até o seu escritório e, em seguida, teve um ataque cardíaco. Morreu ali, aos cinquenta anos.

* Não viveu a tempo de ver sua trilogia Millennium ser traduzida e vendida em livrarias do mundo inteiro. Nem de saber que seus livros seriam transformados em filme. Isso tudo aconteceu há dois anos, quando já fazia cinco do evento da escadaria.

* Agora, seu nome volta a ser evocado por conta de uma nova filmagem de Os Homens que Não Amavam as Mulheres, em cartaz nos cinemas da redondeza. Só fico um tanto surpreso com o espaço de tempo entre um filme e sua refilmagem. Dois anos é muito menos do que o hiato entre os filmes do Homem-Aranha, que eu já tinha achado perto demais.

Dragão Tatuado

* Eu não sei falar sueco. Só de tentar pronunciar, a língua já fica perplexa. E se é verdade que o húngaro é a única língua que o diabo respeita, o sueco deve ter ficado entre o respeitável e o incompreensível.

* Digo isso com pesar, porque gostaria de saber qual a tradução literal dos títulos da trilogia Millennium no original, porque as diferenças entre o inglês e o português são irritantes. No inglês, por exemplo, Os Homens que Não Amavam as Mulheres chama-se The Girl with the Dragon Tattoo [algo como A Garota com Tatuagem de Dragão].

* O pior disso é sair do cinema com a sensação de que o título não faz justiça à obra e que a culpa é toda do tradutor. Em Portugal, é ainda diferente: Os Homens que Odiavam as Mulheres.

* Os demais títulos da trilogia também não escaparam dos equívocos. O segundo volume ficou bem no Brasil. The Girl who Played with Fire virou A Garota que Brincava com Fogo. Pena os nossos ilustres lusitanos terem estragado tudo em seu país: A Rapariga que Sonhava com uma Lata de Gasolina e um Fósforo.

* Pra completar, The Girl who Kicked the Hornet’s Nest [que ficaria bem como A Garota que Chutou o Vespeiro] foi pessimamente traduzido como A Rainha do Castelo de Ar. Em Portugal é ainda pior: A Rainha do Palácio das Correntes de Ar.

* A título de esclarecimento, vale dizer que o livro A Menina que Roubava Livros não tem absolutamente nada a ver com essa trilogia, como já ouvi gente desinformada conversando por aí.

Os Homens que Não Amavam as Mulheres

* Suspense do meu número, eu que gosto de ficar preso à poltrona do cinema, mas que não suporto o susto pelo susto. Cinema não é trem-fantasma. Os Homens que Não Amavam as Mulheres tem isso a seu favor: não precisa apelar para o susto pra manter o suspense. Filme de gente grande.

* Pra quem não viu e não leu, trata-se da história de um jornalista investigativo [Daniel Craig] que acaba de ser condenado por algo que escreveu e não conseguiu provar. Então, pra mudar os ventos da sua carreira, aceita o convite de um grande empresário pra escrever sua biografia e tentar desvendar um crime que aconteceu em sua família no passado e que ficou sem solução.

* De repente, precisa contratar uma assistente. É aí que entra em sua vida a hacker Lisbeth Salander, a personagem encarnada pela atriz Rooney Mara numa atuação brilhante que lhe rendeu uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz – e é ela a verdadeira protagonista do filme, é ela a garota com a tatuagem de dragão e é ela que arrebenta em cenas dificílimas.

* A direção de arte é moderna, bem no estilo do diretor David Fincher – um velho conhecido por filmes como Seven, Clube da Luta, Benjamin Button e A Rede Social. Se você vai ao cinema pra se distrair, troque de filme. Mas se estiver a fim de encarar um thriller dos bons, está recomendado.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Os Descendentes


* Indicado ao Oscar em cinco categorias [melhor filme, diretor, roteiro adaptado, edição e melhor ator], Os Descendentes é um drama familiar com alguns equívocos e grandes acertos, principalmente nas cenas em que a emoção fala mais alto que o próprio texto.

* Não é uma história de família feliz, mas uma história de família comum. Um pai, uma mãe e duas filhas adolescentes. De repente, a mãe sofre um acidente de barco e fica em coma. Quando descobrem que o estado dela não tem mais volta, precisam aparar algumas arestas pra poder lidar com a situação.

* Uma cena de rara beleza é aquela logo após o pai procurar a filha mais velha na piscina de casa pra contar a ela que a mãe não vai mais sair do coma. É um momento inspirado do diretor e uma grande atuação da menina [Shailene Woodley], que submerge e cai num pranto desolador, com a câmera acompanhando a ação debaixo d´água.

* Nesse clima terminal, algumas verdades duras vêm à tona e uma embolada de sentimentos se instala sobre os familiares e, por conseqüência, sobre o espectador que se deixa embalar pela história.

* Não é um filme grandioso que justifique prêmios e estatuetas, mas ainda assim é um bom filme que merece, sim, ser visto.

George, Brad mais Três Homens e Um Segredo


* George Clooney tem sido figurinha repetida nas premiações do Oscar na última década. Com um detalhe: seus filmes – tanto na função de ator como na de diretor – aparecem ano sim, ano não.

* Vamos refrescar a memória: no Oscar de 2006, Clooney veio com a força toda, concorrendo às principais categorias com o seu Boa Noite e Boa Sorte. Acabou saindo da festa com a estatueta de Melhor Ator Coadjuvante, mas por outro filme – Syriana, sobre a indústria do petróleo. No ano seguinte, nenhuma menção ao seu nome.

* Em 2008, volta concorrendo ao prêmio de Melhor Ator por Conduta de Risco. Ano seguinte, folga. Depois, em 2010, é novamente indicado como Melhor Ator no filme Amor Sem Escalas. Ano seguinte, férias.

* Agora, em 2012, Mr. Clooney contra-ataca. Seu filme Tudo Pelo Poder não teve uma performance admirável na lista de candidatos, concorrendo apenas na categoria de Roteiro Adaptado, mas Os Descendentes está indicado nas principais categorias, inclusive na de Melhor Ator, concorrendo com Brad Pitt e mais três homens – e um segredo, que será desvendado na cerimônia do Oscar, marcada pra 26 de fevereiro.

Sonho Romântico


* O comentário do Jabor sobre a passagem da presidente Dilma pelo país de Fidel Castro foi feliz no telejornal anteontem. Ele disse que a presidente Dilma fez o que pôde. Não dava pra fazer uma intrusão direta na política interna de Cuba, não só pela força simbólica do país, que foi certamente um sonho romântico de Dilma, mas também porque há muitos fatos e interesses de Estado com a ilha.

* Mas eu creio que Dilma acertou duas vezes nessa delicada situação. Primeiro concedeu o visto brasileiro para a moça. Ótimo! Se os comunas velhos não deixarem a [blogueira] Yoani sair, ruim pra elas e pior pra eles.

* Outra coisa elogiável e sincera foi Dilma assumir o nosso precário telhado de vidro no Brasil, em que os direitos humanos são massacrados também, não por um partido apenas como em Cuba, mas por inúmeras causas que geram a barbárie geral do país. Basta ver nosso sistema prisional ou o escravismo no nordeste e Brasil central.

* Dilma apontou também para algo bem contemporâneo. Os blocos ideológicos são hoje confusos e arcaicos. Por isso os direitos humanos devem estar acima de partidos ou ideologias. Na confusão do mundo atual temos de buscar direitos universais. A humanidade voltou a importar.

* No entanto, uma frase de Dilma pode ser aperfeiçoada. Ela disse: “não podemos fazer dos direitos humanos uma arma de combate político e ideológico”. Correto. Mas o contrário também é verdadeiro. Vice-versa. A defesa de ideologias e regimes não pode ser um pretexto ou uma justificativa pra se ignorar e ferir direitos humanos fundamentais.

Água para Elefantes


O fotógrafo “catarina” Humberto Furtado colocou a mochila nas costas, a máquina fotográfica no pescoço e foi se aventurar em uma longa viagem pela Ásia e pela África. A foto que ilustra a coluna de hoje é um registro de sua estadia em Surin – Elephants Village – na Tailândia, onde está fazendo um trabalho voluntário nesta fazenda de elefantes, onde adotou um dos quase 200 animais que compõem essa reserva. Seu nome é Pen Ten [Lua Cheia] e ele é responsável por cortar a cana, alimentar, levar ao rio e dar banho.