
* A turma que conhece meu paladar pra cinema insistia: veja o novo do Almodóvar, A Pele que Habito, porque vale muito a pena. É claro que não basta uma recomendação, mas também uma oportunidade – e este é o tipo do filme que não costuma entrar em cartaz por aqui, e quando entra dura o tempo de um pensamento.
* Até que descobri que uma amiga havia comprado o DVD pirata. Briguei com ela, disse que pirataria é crime e que ela não deveria ficar com a prova material do delito guardada em casa. Ela entendeu a mensagem e passou pra mim, que já estou pronto pra passar pra alguém.
* Achei um filme belíssimo, mais Almodóvar do que nunca – contrariando aqueles que acharam que o cineasta perdeu sua identidade neste filme. Almodóvar sempre se deu bem em situações-limite e explora muito bem os dramalhões que a vida é capaz de criar. Está para a Espanha como Glória Perez tenta estar para o Brasil, sempre mexendo em temáticas polêmicas e gerando confronto de opiniões.
* Renovou sua parceria com Antônio Banderas, que no passado lhe havia feito Matador, Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos, A Lei do Desejo e o excelente Ata-me, sobre a Síndrome de Estocolmo, onde a vítima se apaixona pelo seu seqüestrador. Fazia vinte anos que não trabalhavam juntos e valeu a espera.
* N’A Pele que Habito, Banderas interpreta um cirurgião plástico bastante concorrido em sua vida pública, mas cheio de ranços na vida pessoal. Movido por um desejo de vingança, aplica seus conhecimentos em transgênese numa experiência que começa como um acerto de contas e acaba numa paixão entre criador e criatura.
* O filme faz referência à mitologia grega com a história do Pigmalião [My Fair Lady também tem isso, mas de outro jeito]. Diz a lenda que Pigmalião era um exímio escultor que, horrorizado pelo comportamento das mulheres, optou por viver isolado e imerso em seu trabalho. Mas, como não era insensível à beleza feminina, esculpiu uma imagem de mulher, em marfim, por quem acabou apaixonado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário