terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Luiza e o Canadá

* Nos anos setenta, o evolucionista Richard Dawkins chacoalhava a comunidade científica com seu livro O Gene Egoísta onde cunhava um termo novo: o meme. O meme está para a memória assim como o gene está para a genética.

* É a sua unidade mínima, a unidade da informação que se multiplica de cérebro em cérebro – ou em outros ambientes onde se guarde informações. Um livro, por exemplo.

* De lá pra cá, a palavra ganhou outros contornos e serviu também pra batizar os fenômenos que se espalham através da internet. Um recente foi o vídeoclip d’A Banda Mais Bonita da Cidade que em três ou quatro dias passou de ilustre desconhecida para manchete do Fantástico.

* Isso antes da história da Luiza no Canadá. Pra quem não habita o universo virtual, vou explicar: um colunista social de João Pessoa estava fazendo um comercial para um condomínio de luxo. Um Amaury Junior com sotaque da Paraíba. Deu pra imaginar?

* Lá pelas tantas, o sujeito diz que “é por isso que fiz questão de reunir toda a minha família, menos Luiza que está no Canadá, pra recomendar esse empreendimento”. A câmera vai abrindo o foco e mostrando a família, sem graça feito um dois de paus. Exceto a filha Luiza, que estava no Canadá.

* A falta de importância que o fato guarda em si virou hit na internet. A princípio, falar do assunto era um jeito de dizer que ninguém está nem aí. Todavia, a cada clique Luiza foi se transformando em assunto nacional. Um triunfo publicitário.

* Faço coro com o apresentador de um telejornal: ou os problemas do Brasil estão todos resolvidos, ou nos tornamos perfeitos idiotas dando tanto espaço pra uma coisa tão sem importância. Com todo esse buchicho, Luiza já voltou do Canadá, já fez o comercial e já alavancou a venda dos apartamentos no tal condomínio. E nós já fomos mais inteligentes.

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