
* Certa vez eu li – ainda lembro onde, foi no excelente livro Xadrez, Truco e Outras Guerras, do José Roberto Torero – que “difícil é resumir os pensamentos e temores da véspera de uma batalha, pois onde há dez mil homens haverá dez mil modos de encarar aquilo que pode ter tantos nomes gloriosos, mas que é, em essência, ir ao encontro da morte”.
* Eu gravei isso porque era o que eu achava e gostaria de ter escrito. E desde antes eu acho a guerra um absurdo e, provavelmente por isso, não gosto de filmes de guerra. Na verdade, fico incomodado de saber que aquilo tudo realmente aconteceu e continua servindo de inspiração para grandes filmes.
* Cavalo de Guerra, o novo filme sério do diretor Steven Spielberg, está na corrida para os prêmios desta temporada: era um dos candidatos a Melhor Filme no Globo de Ouro que aconteceu domingo à noite e que serve de termômetro para o Oscar.
* Nesta nova produção, Spielberg não conta com nenhuma celebridade no elenco, afinal de contas, a grande estrela é Joey, um cavalo – digital, diga-se de passagem – e seu dono Albie, interpretado pelo estreante Jeremy Irvine, acaba sendo um coadjuvante.
* O filme começa com um belíssimo plano aéreo de um vale no interior da Inglaterra onde Albie assiste ao nascimento de Joey. É o ponto de partida para uma melodramática história de amizade entre o garoto e o cavalo e de como o amor entre eles sobrevive a uma guerra, já que quando a Primeira Guerra estoura na Europa, o cavalo é vendido para o exército inglês pelo pai do garoto.
* A propósito, o momento em que a Inglaterra declara guerra contra a Alemanha ganha bastante evidência, me reportando ao último campeão do Oscar, O Discurso do Rei, cujo discurso final anunciava exatamente este momento histórico.
* É um filme repleto de momentos emocionantes, às vezes de uma forma bem genuína, mas em sua maioria de uma forma muito planejada e até forçada. Isso não tira o brilho do filme. Minha cota de lágrimas eu tenho derramado, e meu coração de manteiga se alterou com o calor das emoções.
* Mesmo assim, entendendo os motivos pelo qual o filme está entre os melhores do último ano e, por isso, concorrendo aos prêmios do cinema, não é o tipo de filme que vai conquistar a minha torcida. Vamos aos próximos candidatos.
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