segunda-feira, 1 de junho de 2009

DIVÃ



Felizmente [e digo isso satisfeito] o monólogo Divã com que Lilia Cabral colheu um bruto sucesso no palco se transformou num filme delicioso.

Lilia é uma atriz que já conseguiu deixar sua marca nas nossas caixas de recordações, desde aqueles olhos esbugalhados de Dona Amorzinho, a beata que interpretou na novela Tieta, até as colocações desconcertantes da Catarina na novela A Favorita, passando por papéis memoráveis como a Maria Lúcia no filme A Partilha.

No filme Divã, ela arrebenta. Acho incrível como ela tem o tom certo pra cada parágrafo. Fora da sala de cinema eu continuava ouvindo ela repetir as frases de efeito do filme.

“Não era amor. Era uma sorte, uma travessura. Não era amor. Eram dois travesseiros. Dois celulares desligados. Não era amor. Era sem medo. Não era amor. Era melhor”.

Depois, a agilidade com que o filme te jogava no caldeirão e em seguida na cachoeira deixa as nossas emoções à flor da pele. A gente chora de rir, e depois ri de tanto chorar.

Trilha sonora escolhida a dedo pelo expert Guto Graça Mello, incluindo alguém cuja voz não reconheci cantando Sua Estupidez, do Roberto e uma música francesa lindíssima como as músicas francesas costumam ser.

No mais, faz a gente pensar numa porção de questões importantes. Nossas pendências, nossas resistências. E para as mulheres que se identificarem com a personagem e um belo dia notarem que o tempo está a passar diante da sua janela, sente diante do seu cabeleireiro e dispare em alto e bom som: “Repica, Renê. Repica!”

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