terça-feira, 20 de novembro de 2012

Magic Mike


* O novo filme de Steven Soderbergh, Magic Mike, é inspirado na vida de Channing Tatum, um dos novos galãs de Hollywood cujos antecedentes denunciam passagens por clubes de striptease, conforme revela o filme.

* A primeira vez que fi Channing Tatum foi no filme Ela Dança, Eu Danço. Sem entrar no mérito de sua saúde física, incontestável, naquela estreia ele me pareceu um ator médio e um grande dançarino. Depois ele arrancou suspiros como o mocinho de Querido John, um daqueles romances açucarados do Nicholas Sparks que virou filme.

* Agora, em Magic Mike, ele é o Mike do título [ok, ele também era o John do outro título], um aspirante a marceneiro sem crédito que faz um bico de go-go boy pra driblar a crise. Os anos se passaram e ele continua um ator regular e um dançarino extraordinário. Um Gene Kelly do novo milênio.

Alternativa


* Num domingo recente, a caminho de casa, tive que interromper minha rota por conta da alegria da torcida do Fluminense, que fechou a Cônsul Carlos Renaux pra celebrar o título do Pó-de-Arroz – apelido carinhoso que o time ganhou pela sua popularidade entre a elite carioca.

* Nada contra a festa da torcida campeã. Pelo contrário, eu sempre sou a favor de comemorar nossas vitórias. Minha única ressalva é com o trânsito, já que desde sua última reforma, eu não tenho rota alternativa pra chegar em casa.

* O único percurso que me leva ao meu portão é atravessar toda a extensão da rua mais movimentada da cidade. Já estive com o pessoal do IBPlan pra levar minha reclamação acompanhada de uma sugestão, mas passam as semanas e eu continuo desperdiçando tempo e gasolina.

* Isso tudo pra contar que, diante da minha impossibilidade de chegar em casa, fui perguntar à autoridade policial responsável pela vigília dos foliões qual era a sua recomendação. Sabe qual foi? Estacionar o carro e esperar a festa terminar pra eu poder seguir meu rumo. 

Feice


* Eu não sei como foi que a coisa chegou nesse ponto, mas o Facebook no Brasil deixou de existir. Agora só tem o Feice. Apelido carinhoso pra rede social é de chorar calado.

* Cada vez que escuto alguém falar que viu no Feice, que curtiu no Feice e que deu bom dia pros amigos do Feice, eu sofro. Sofro de sofrer, verbo intransitivo.

Garbo


* Aconteceu numa mesa ao lado da minha, em pleno almoço de domingo. Uma fulana querendo ser simpática com o garçom fez o seu pedido e começou a cutucá-lo nos ombros como que a apressá-lo. Junto com isso, fazia gracinhas sem a menor graça. Dizia “rápido, pra já” junto com um risinho pra mascarar sua grosseria e insistindo numa intimidade que não existia.

* Só eu vi – ela não teve a chance – a cara de tédio do rapaz que a atendeu quando deixou a mesa dela. Pra coroar, ela tinha feito o mesmo pedido pra dois garçons. Quando viu que o primeiro chegou enquanto o segundo tirava o mesmo pedido, teve de pedir ao outro garçom que chamasse o segundo pra cancelar o pedido.

* A minha surpresa foi com as palavras que ela usou pra isso, que vou tentar repetir sem errar: “Ai, chama aquele garçom feinho do cabelo crespo pra cancelar o pedido”. O que é isso? Eu fico chateado só de ver alguém apontar o dedo pra outra pessoa. Agora, usar a feiura que estava nos olhos dela como referência?

* O pior é que não é uma cena tão isolada assim. Parece que o garbo limitou-se ao sobrenome da greta. A fulana estava fazendo aquela linha “sensual sem ser vulgar”, mas fracassou completamente na segunda parte porque não há nada mais vulgar que tratar mal as pessoas que estão ali pra te servir.

Esse Cara Sou Eu


* Já botou reparo na letra da nova canção do Roberto que está na trilha de Salve Jorge? Pois então. Esse cara não sou eu. Aliás, nem eu, nem ninguém. Mas o momento parece ser o de idealizar o tipo ideal. Milhões e milhões soltam suspiros por Christian Grey, que também só existe na ficção.

* Por falar no protagonista dos Cinquenta Tons de Cinza, o trocadilho do título só tem valor no original [Fifty Shades of Grey] e é sempre este o problema de traduzir: perde-se sempre alguma coisa.

* A versão do livro para as telas está na fase do roteiro e da especulação dos atores para os papéis principais. Um dos atores cotados para ser Christian Grey no cinema é Ryan Goslling e diversas atrizes também foram sondadas para viver Anastasia, entre elas Emma Watson e Amanda Seyfried.

A Iminência das Poéticas

* O prédio da Bienal, no parque do Ibirapuera [Sampa] está acolhendo a trigésima edição do evento, que segue até o dia 9 de dezembro. Acho desnecessário informar que a mostra acontece a cada dois anos, já que o título é tão - como posso dizer? - autoexplicativo.

* No entanto, vale aqui uma reflexão matemática. A primeira Bienal de São Paulo aconteceu no ano de 1951, pelos esforços de Ceccilio Matarazzo que hoje dá nome ao edifício projetado por Niemeyer para lhe servir de sede. Pelas minhas contas, a trigésima Bienal deveria ter acontecido, portanto, em 2009, de onde a gente pode concluir que houve três falhas de calendário na história das nossas Bienais.

* Esta trigésima edição foi batizada de A Iminência das Poéticas e recebeu trabalhos de 111 artistas. O mais concorrido dos espaços é dedicado ao artista plástico sergipano Arthur Bispo do Rosário, com seus bordados e sua missão de organizar o universo com a disciplina militar de quem serviu à Marinha e terminou a vida num sanatório.

* O momento é apropriado pra discutir os conceitos da arte, que cada vez mais amplia seus horizontes. O que notei nesta Bienal é que a forma como a arte se apresenta ao público, a sua disposição, acaba sendo tão importante quanto a obra em si.