segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Final Feliz


* O país parou pra ver onde terminava a Avenida Brasil na sexta-feira que passou, com a chance de rever no sábado, como é de costume nos finais de novela. Eu lembro de uma única vez – mas não lembro em qual novela – que o último capítulo foi no sábado, sem direito a repeteco.

* O autor João Emanuel Carneiro passa a bola do horário nobre com a alma lavada e a difícil missão de segurar a peteca da audiência nas alturas: dizem que o último capítulo foi a maior audiência do ano.

* Aliás, eu comecei esse texto usando a expressão que mais se ouviu na mídia, “o país parou pra ver”, normalmente seguido da informação de que até a presidenta Dilma aguardava ansiosa pelo último capítulo, como se Dilma fosse um ser extraterrestre que não pudesse gostar de uma novelinha dentro dos seus pijamas.

* Dá pra dizer que foi um “grand finale”, e apesar de todas as lacunas que a história deixou, não pude deixar de me emocionar com a redenção de Carmen Lúcia. Adriana Esteves foi a grande estrela desta história e sua personagem merece lugar de destaque na parede da nossa memória.

* Quando Carminha tira Nina e Tufão da mira de Santiago e Jorginho chega naquele hangar onde se passa a cena, a vilã se enche de verdade pra falar para o filho que “você foi a única coisa boa que eu fiz na minha vida”. Depois, na cena em que conhece o neto, Carminha e Nina conversam sobre perdão – “E adianta não perdoar?”, foi uma bela resposta – e atendem o pedido de Lucinda com o difícil abraço da reconciliação.

Chupetinha

* Adauto, o personagem de Juliano Cazarré, ganhou um bloco inteiro no último capítulo com o drama da chupetinha e ainda sai de herói, vencendo seu trauma e levando o Divino para a primeira divisão. Qual foi o agrado pra tanta deferência é que eu gostaria de saber. Se bem que aquele marmanjo chorando pela sua “pepeta” foi hilário.

* Enquanto isso, ninguém soube do fim do Santiago que, aos quarenta e cinco do segundo tempo, se transformou no verdadeiro bandido. E nem do fim da Ágata, que parece que foi afastada pra não presenciar as cenas de violência no desfecho.

* E a Suelen? Anunciou sua gravidez bem antes da Nina e não apareceu com filho nenhum nos braços no último capítulo. A propósito, se fosse eu o diretor, teria feito uma cena nos moldes do filme Três Formas de Amar, quando três se torna um número par.

* No fim, nem sei o que foi mais divertido: se Suelen e seus dois maridos, se Cadinho e suas três esposas [“na riqueza e na pobreza. Mas essa pobreza vai ser só assim, né? Não vai piorar, vai?”, foi o texto de Verônica na hora da jura] ou se Adauto e sua chupetinha.

Gafes

* O tempo voou no último capítulo de Avenida Brasil – do jeito mais literal que o tempo pode voar. Cinco vezes o autor se valeu do artifício de avançar o tempo com “semanas depois”, “meses depois”, “dias depois”, “três anos depois” e “um ano depois”.

* O problema é que nem sempre os acontecimentos ficam de acordo com esses lapsos temporais. Entre a confissão de Carminha e a cena em que Lucinda sai da cadeia rolou um “semanas depois”. Isso quer dizer que Lucinda ficou presa por todas essas semanas, mesmo depois de confirmada a sua inocência?

* Outra gafe do último capítulo: quando Lucinda sai da Casa de Detenção, ele pergunta por Carminha e pede pra ser levada até ela. Um outro lugar, então. A próxima cena é de Lucinda visitando Carminha na prisão. Só que quando Carminha é libertada, ela sai pela mesmíssima porta de onde Lucinda havia saído anos antes. Até o enquadramento foi o mesmo.

* Mesmo assim, Amora Mautner está de parabéns pela maneira como manteve firme a direção na Avenida Brasil. Eu já havia me apaixonado por seu jeito de dirigir em Cordel Encantado e, afinal, estamos falando de novelas e é importante a gente lembrar que tem coisas que só acontecem, mesmo, em novelas.

Merchand

* Quanto custa vestir o elenco completo de uma novela justamente no capítulo em que está todo mundo ligado na tevê? A Lupo sabe. Ela foi a patrocinadora oficial do Divino Futebol Clube numa ação de marketing pra lá de estratégica.

* A Revista Exame publicou, há algum tempo, que o valor do investimento na Lupo em Avenida Brasil girava na casa dos dez milhões de reais. Contudo, Lilian Pacce twittou que o merchand da Lupo valeu o preço do shopping do Tufão: vinte milhões.

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