* O país parou pra ver onde terminava a Avenida
Brasil na sexta-feira que passou, com a chance de rever no sábado, como é de
costume nos finais de novela. Eu lembro de uma única vez – mas não lembro em
qual novela – que o último capítulo foi no sábado, sem direito a repeteco.
* O autor João Emanuel Carneiro passa a bola do
horário nobre com a alma lavada e a difícil missão de segurar a peteca da
audiência nas alturas: dizem que o último capítulo foi a maior audiência do
ano.
* Aliás, eu comecei esse texto usando a
expressão que mais se ouviu na mídia, “o país parou pra ver”, normalmente
seguido da informação de que até a presidenta Dilma aguardava ansiosa pelo
último capítulo, como se Dilma fosse um ser extraterrestre que não pudesse
gostar de uma novelinha dentro dos seus pijamas.
* Dá pra dizer que foi um “grand finale”, e
apesar de todas as lacunas que a história deixou, não pude deixar de me emocionar
com a redenção de Carmen Lúcia. Adriana Esteves foi a grande estrela desta
história e sua personagem merece lugar de destaque na parede da nossa memória.
* Quando Carminha tira Nina e Tufão da mira de
Santiago e Jorginho chega naquele hangar onde se passa a cena, a vilã se enche
de verdade pra falar para o filho que “você foi a única coisa boa que eu fiz na
minha vida”. Depois, na cena em que conhece o neto, Carminha e Nina conversam
sobre perdão – “E adianta não perdoar?”, foi uma bela resposta – e atendem o
pedido de Lucinda com o difícil abraço da reconciliação.
Chupetinha
* Adauto, o personagem de Juliano Cazarré,
ganhou um bloco inteiro no último capítulo com o drama da chupetinha e ainda
sai de herói, vencendo seu trauma e levando o Divino para a primeira divisão.
Qual foi o agrado pra tanta deferência é que eu gostaria de saber. Se bem que
aquele marmanjo chorando pela sua “pepeta” foi hilário.
* Enquanto isso, ninguém soube do fim do
Santiago que, aos quarenta e cinco do segundo tempo, se transformou no
verdadeiro bandido. E nem do fim da Ágata, que parece que foi afastada pra não
presenciar as cenas de violência no desfecho.
* E a Suelen? Anunciou sua gravidez bem antes
da Nina e não apareceu com filho nenhum nos braços no último capítulo. A
propósito, se fosse eu o diretor, teria feito uma cena nos moldes do filme Três
Formas de Amar, quando três se torna um número par.
* No fim, nem sei o que foi mais divertido: se
Suelen e seus dois maridos, se Cadinho e suas três esposas [“na riqueza e na
pobreza. Mas essa pobreza vai ser só assim, né? Não vai piorar, vai?”, foi o
texto de Verônica na hora da jura] ou se Adauto e sua chupetinha.
Gafes
* O tempo voou no último capítulo de Avenida
Brasil – do jeito mais literal que o tempo pode voar. Cinco vezes o autor se
valeu do artifício de avançar o tempo com “semanas depois”, “meses depois”,
“dias depois”, “três anos depois” e “um ano depois”.
* O problema é que nem sempre os acontecimentos
ficam de acordo com esses lapsos temporais. Entre a confissão de Carminha e a
cena em que Lucinda sai da cadeia rolou um “semanas depois”. Isso quer dizer
que Lucinda ficou presa por todas essas semanas, mesmo depois de confirmada a
sua inocência?
* Outra gafe do último capítulo: quando Lucinda
sai da Casa de Detenção, ele pergunta por Carminha e pede pra ser levada até
ela. Um outro lugar, então. A próxima cena é de Lucinda visitando Carminha na
prisão. Só que quando Carminha é libertada, ela sai pela mesmíssima porta de
onde Lucinda havia saído anos antes. Até o enquadramento foi o mesmo.
* Mesmo assim, Amora Mautner está de parabéns
pela maneira como manteve firme a direção na Avenida Brasil. Eu já havia me
apaixonado por seu jeito de dirigir em Cordel Encantado e, afinal, estamos
falando de novelas e é importante a gente lembrar que tem coisas que só
acontecem, mesmo, em novelas.
Merchand
* Quanto custa vestir o elenco completo de uma
novela justamente no capítulo em que está todo mundo ligado na tevê? A Lupo
sabe. Ela foi a patrocinadora oficial do Divino Futebol Clube numa ação de
marketing pra lá de estratégica.
* A Revista Exame publicou, há algum tempo, que
o valor do investimento na Lupo em Avenida Brasil girava na casa dos dez
milhões de reais. Contudo, Lilian Pacce twittou que o merchand da Lupo valeu o
preço do shopping do Tufão: vinte milhões.
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