* Neste domingo acontece a cerimônia mais importante da Broadway, o Tony
Awards, que reúne as estrelas do teatro e premia o que acontece de melhor nos
palcos de Nova York. Se fosse pra comparar com o cinema, chamaríamos de Oscar.
* Mas com uma diferença fundamental: enquanto o Oscar homenageia os
filmes do ano anterior, o Tony gira em torno do que está em cartaz neste
momento, com as peças e os musicais devidamente segmentados em categorias
distintas.
* O prêmio mais importante – e o mais concorrido – da noite é o de
“melhor musical” que tem quatro indicados: Leap of Faith, baseado no filme
estreado por Steve Martin que em terras tupiniquins chamaram de Fé Demais Não
Cheira Bem; Newsies, também adaptado de um filme dos anos noventa estrelado por
Christian Bale; Once, este um pouco mais recente, mas também adaptado do cinema
para os palcos e, por fim, Nice Work if You Can Get It.
Newsies
* Minha torcida vai pra este musical da Disney
– eles já provaram ser tão bons na produção teatral quanto são nas animações –
que eu já enchi de predicados aqui na coluna na época em que assisti, bem na
semana da estreia.
* Aqui no Brasil, o título foi traduzido como
Extra! Extra!, um fracasso de bilheteria, e conta a história real da greve dos
jornaleiros em Nova York no fim do século dezenove.
* Desde O Despertar da Primavera que eu não
assitia a um musical com tanto punch. A pegada é forte e a plateia nao
economiza nos aplausos. Arranjos lindos e coreografias irretocáveis do
celebrado Kenny Ortega, coreógrafo de sucessos como Dirty Dancing e High School
Musical.
Once
* O musical Once é a adaptação para os palcos do filme Apenas Uma Vez,
que não ganhou muita notoriedade do lado de baixo do Equador. É um filme
irlandês sobre um cara que se envolve com uma imigrante e juntos eles compõem a
trilha sonora da história de amor vivida por eles mesmos.
* Eu não sei se o termo “vanguardista” é adequado pra esta produção
teatral, porque nada ali me pareceu uma ideia nova. Talvez o termo
“alternativo” caia melhor, já que durante a entrada dos espectadores o elenco
já está no palco fazendo um esquenta, o que exclui a gostosa sensação de abrir
o pano.
* O cenário é fixo, com um grande balcão no fundo do palco que, durante
o intervalo, se transforma no próprio bar onde a plateia sobe para tomar um
shot.
* É um drama com pitadas irônicas. Uma história de amor covarde, onde o
mocinho e a mocinha não são capazes de tirar os pés do chão pra dar o salto e
viver sua história, com uma trilha sonora que me lembrou qualquer disco do Damien
Rice.
* Me emocionei, mas não é o gênero que eu recomendaria a qualquer um.
Nice
Work
* Nice Work if You Can Get It não recebeu sua indicação ao Tony por
acaso: é um musical grandioso, com figurinos ricos, cenários maravilhosos, um
sobe e desce que dá vertigem, músicas de Gershwin e um elenco encabeçado por
Mathew Broderick – mais conhecido como o marido da Sara Jessica Parker.
* Ele é ótimo em musicais, já tinha provado o seu talento n’Os
Produtores, inclusive na versão para o cinema, e tem ao seu lado uma estrela de
primeira grandeza – Kelli o’Hara é linda, magra e dona de uma voz precisa que
sabe onde quer chegar. Eu poderia assisti-la por toda a noite. Ela inclusive
concorre na categoria de melhor atriz num papel principal de musical. Por mim, leva
o Tony pra casa.