quinta-feira, 7 de junho de 2012

Tony Awards



* Neste domingo acontece a cerimônia mais importante da Broadway, o Tony Awards, que reúne as estrelas do teatro e premia o que acontece de melhor nos palcos de Nova York. Se fosse pra comparar com o cinema, chamaríamos de Oscar.

* Mas com uma diferença fundamental: enquanto o Oscar homenageia os filmes do ano anterior, o Tony gira em torno do que está em cartaz neste momento, com as peças e os musicais devidamente segmentados em categorias distintas.

* O prêmio mais importante – e o mais concorrido – da noite é o de “melhor musical” que tem quatro indicados: Leap of Faith, baseado no filme estreado por Steve Martin que em terras tupiniquins chamaram de Fé Demais Não Cheira Bem; Newsies, também adaptado de um filme dos anos noventa estrelado por Christian Bale; Once, este um pouco mais recente, mas também adaptado do cinema para os palcos e, por fim, Nice Work if You Can Get It.

Newsies

* Minha torcida vai pra este musical da Disney – eles já provaram ser tão bons na produção teatral quanto são nas animações – que eu já enchi de predicados aqui na coluna na época em que assisti, bem na semana da estreia.

* Aqui no Brasil, o título foi traduzido como Extra! Extra!, um fracasso de bilheteria, e conta a história real da greve dos jornaleiros em Nova York no fim do século dezenove.

* Desde O Despertar da Primavera que eu não assitia a um musical com tanto punch. A pegada é forte e a plateia nao economiza nos aplausos. Arranjos lindos e coreografias irretocáveis do celebrado Kenny Ortega, coreógrafo de sucessos como Dirty Dancing e High School Musical.

Once

* O musical Once é a adaptação para os palcos do filme Apenas Uma Vez, que não ganhou muita notoriedade do lado de baixo do Equador. É um filme irlandês sobre um cara que se envolve com uma imigrante e juntos eles compõem a trilha sonora da história de amor vivida por eles mesmos.

* Eu não sei se o termo “vanguardista” é adequado pra esta produção teatral, porque nada ali me pareceu uma ideia nova. Talvez o termo “alternativo” caia melhor, já que durante a entrada dos espectadores o elenco já está no palco fazendo um esquenta, o que exclui a gostosa sensação de abrir o pano.

* O cenário é fixo, com um grande balcão no fundo do palco que, durante o intervalo, se transforma no próprio bar onde a plateia sobe para tomar um shot.

* É um drama com pitadas irônicas. Uma história de amor covarde, onde o mocinho e a mocinha não são capazes de tirar os pés do chão pra dar o salto e viver sua história, com uma trilha sonora que me lembrou qualquer disco do Damien Rice.

* Me emocionei, mas não é o gênero que eu recomendaria a qualquer um.

Nice Work

* Nice Work if You Can Get It não recebeu sua indicação ao Tony por acaso: é um musical grandioso, com figurinos ricos, cenários maravilhosos, um sobe e desce que dá vertigem, músicas de Gershwin e um elenco encabeçado por Mathew Broderick – mais conhecido como o marido da Sara Jessica Parker.

* Ele é ótimo em musicais, já tinha provado o seu talento n’Os Produtores, inclusive na versão para o cinema, e tem ao seu lado uma estrela de primeira grandeza – Kelli o’Hara é linda, magra e dona de uma voz precisa que sabe onde quer chegar. Eu poderia assisti-la por toda a noite. Ela inclusive concorre na categoria de melhor atriz num papel principal de musical. Por mim, leva o Tony pra casa.

domingo, 3 de junho de 2012

Arrepio de Pancada


* O show de estreia de Marisa Monte em sua nova turnê – Verdade, Uma Ilusão – neste fim-de-semana no teatro Guaíra, em Curitiba, foi um acontecimento. Marisa, além de ser a melhor cantora do Brasil e inspirar tantas outras que se aventuram no ofício de cantar, é uma grande estrategista no trato de sua carreira.

* Ela é uma daquelas exceções que domina os dois lados do cérebro – o direito com sua sensibilidade e sua arte e o esquerdo com a administração dela.

* Pra dividir o palco, chamou o veterano Dadi [Os Novos Baianos, A Cor do Som] que trocou o contrabaixo pelo violão nessa excursão e o piano de Carlos Trilha, manezinho da ilha, responsável pelos dois álbuns-solo da carreira de Renato Russo.

* Pegou emprestado também três integrantes do Nação Zumbi pra fazer guitarra, baixo e bateria, com a promessa de devolvê-los ao final da turnê e ainda um quarteto de cordas que deu um ar mais erudito e mais arranjado para o repertório, misturando sucessos antigos com as canções do disco novo.

* Do disco Mais, lançado há vinte anos, Marisa trouxe de volta Eu Sei [Na Mira], Beija Eu e Diariamente, com direito a um tropeço na dificílima letra [esqueceu o verso Para Adidas, o Conga nacional] e um pedido de desculpa – que na voz dela também vira música, e não há como não perdoar.

* Fez também uma homenagem a Cassia Eller cantando a música ECT, com uma pegada bem flamenca. Depois disse o quanto admirava a cantora e da falta que ela faz como referência. Disse que sentir saudade não é sentir falta. “Sentir saudade é sentir presença”. E complementou tocando e cantando o choro De Mais Ninguém, do álbum Rosa e Carvão, uma das mais belas músicas de toda sua discografia.

* Homenageou também a cantora italiana Mina Mazzini com a canção Sono Come Tu me Vuoi e contou que estreitou os laços com ela durante uma temporada na Itália, e que convidou Mina pra cantar Ainda Bem no disco novo. Mina gostou tanto da música que gravou sozinha, em português mesmo, no seu disco.